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Governo britânico adverte contra greves 'protecionistas'

Por AE-AP
Atualização:

Diante de uma onda de greves e protestos, o governo da Grã-Bretanha afirmou hoje que entende a frustração dos trabalhadores do setor de energia com a contratação de estrangeiros, mas advertiu contra o protecionismo. O secretário (ministro) dos Negócios, Peter Mandelson, disse que compreende a preocupação dos trabalhadores quanto a seus empregos num momento de recessão, mas ressalvou que o protecionismo "seria uma maneira certa de transformar uma recessão numa depressão". "Seria um grave erro recuar de uma política na qual, pelas normas, as companhias britânicas podem operar na Europa e empresas europeias podem operar aqui." Dezenas de milhares de trabalhadores britânicos do setor de energia fizeram greves-relâmpago e manifestações em vários lugares da Grã-Bretanha nos últimos dias, em protesto contra a contratação de trabalhadores portugueses e italianos para a construção de uma refinaria de US$ 280 milhões, da empresa petrolífera francesa Total, no nordeste da Inglaterra. Os protestos começaram quando foi anunciado que a construtora Irem, da Itália, estava contratando apenas trabalhadores italianos e portugueses, num momento em que a taxa de desemprego no Reino Unido alcançou 6,1%. "Não se deveria permitir que nenhuma empresa discriminasse contra qualquer um com base em onde as pessoas nasceram. Não se pode simplesmente dizer que somente italianos e portugueses podem se inscrever para empregos, como aconteceu neste caso", disse Paul Kenny, secretário-geral do sindicato GMB, dos petroleiros britânicos. Ontem, cerca de 700 funcionários da refinaria de Grangemouth, na Escócia, fizeram uma paralisação de protesto. Cerca de 400 trabalhadores e simpatizantes fizeram uma manifestação do lado de fora da refinaria da empresa suíça Petroplus em Wilton, no norte da Inglaterra. Na usina de energia elétrica de Aberthaw, em Gales, cerca de 50 pessoas fizeram um ato de protesto. Também houve manifestação na usina de energia de Kilroot, em Carrickfergus, na Irlanda do Norte. Em Londres, um porta-voz do primeiro-ministro Gordon Brown disse que o contrato com a construtora Irem foi feito "há algum tempo, quando havia falta de trabalhadores especializados no setor de construção no Reino Unido". "Obviamente esse não é o caso agora e nós vamos falar com a indústria nos próximos dias para assegurar que ela está fazendo tudo o que pode para apoiar a economia britânica", disse.

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