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Governo Bush ''precisa fazer muito mais'', diz Bernanke

Para o presidente do Fed, além de evitar que mutuários percam os imóveis é preciso adotar medidas preventivas

Por Washington
Atualização:

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, disse ontem que o presidente George W. Bush "precisa fazer muito mais" para amenizar as dificuldades enfrentadas pelos compradores de casas que correm o risco de perder os imóveis pelos quais ainda pagam. Numa conferência em Washington, Bernanke declarou ainda que, além de evitar que os mutuários percam suas residências, o governo tem de "trabalhar em medidas de prevenção" e contribuir para "que a economia e o mercado imobiliário se estabilizem". O presidente do Fed também anunciou que o Departamento do Tesouro e a Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês) já estão planejando várias medidas para ajudar os mutuários a evitar a perda de suas casas. Especificamente, o Tesouro americano apresentou um plano para reduzir para 4,5% os juros dos financiamentos de 30 anos, que da semana retrasada para a passada já caíram de 5,97% para 5,53%. Já a presidente da Corporação Federal de Seguros de Depósitos, Sheila Bair, disse ontem, em outro evento, que reduzir os juros das hipotecas é um bom plano, mas não ajuda os que já estão sendo despejados ou estão prestes a isso. A busca por soluções para a crise financeira, desencadeada pelo estouro da bolha da especulação hipotecária, se tornou rotina desde que, no começo de outubro, o governo Bush conseguiu aprovar um plano de US$ 700 bilhões para socorrer os mercados. Em um primeiro momento, o secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse que usaria parte dos recursos para a aquisição de hipotecas de alto risco e seu refinanciamento. Depois, no entanto, o governo decidiu nacionalizar parcialmente os bancos e seguradoras em apuros, injetar diretamente fundos nos bancos e retomar a liquidação das hipotecas. Na conferência de ontem, Bernanke evitou apoiar uma proposta específica, preferindo mencionar várias opções. Segundo ele, as execuções hipotecárias este ano já chegam a 2,25 milhões, ante a média de 1 milhão por ano antes da crise. "É preciso fazer muito mais." Bernanke já disse que o Fed, por si só, não é capaz de reanimar a economia com suas reduções nos juros e programas de empréstimos emergenciais. Segundo ele, "existe uma aparente falha no mercado, já que as pessoas que fazem empréstimos não modificam as taxas de juros e os termos dos empréstimos até nos casos em que isso beneficiaria seus interesses econômicos". Sobre as soluções para a crise, ele diz que cada uma delas "requer um certo compromisso de fundos públicos". A proposta defendida ontem aproxima Bernanke do presidente eleito dos EUA, Barack Obama, que na quarta-feira disse que o governo "deve ajudar os compradores de imóveis de maneira séria". Uma das sugestões de Bernanke é que o governo compre hipotecas de alto risco por atacado e estabeleça mecanismos para refinanciá-las. Outra opção seria reduzir os juros pagos por quem pega dinheiro emprestado. Atualmente, a taxa é de cerca de 8%.

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