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Governo capta US$ 2,5 bilhões e paga a menor taxa da história para o vencimento mais longo

Captação externa ocorre num momento em que o Tesouro tem encontrado dificuldade para vender seus papéis no País; verba vai reforçar o caixa do governo e ajudar no pagamento de títulos que vencem em 2021

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - Mesmo num cenário de aumento de incertezas com os rumos da economia brasileira e desconfiança com a trajetória de alta da dívida pública, o Tesouro Nacional conseguiu fazer uma venda no mercado internacional de três tipos diferentes de papéis e captar US$ 2,5 bilhões. O mais longo, com prazo de vencimento de 30 anos, foi vendido com a menor taxa da história.

A captação externa ocorre num momento que o Tesouro vem encontrando maior dificuldade, nos últimos meses, para vender seus papéis no mercado doméstico. Dessa forma, a operação ajuda a trazer mais dinheiro para o País e reforçar o caixa do governo para honrar o pagamento dos títulos que vencem nos primeiros meses de 2021 - uma dívida de mais de R$ 600 bilhões.

Banco Central. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

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O apetite dos investidores atingiu US$ 8,5 bilhões – mais de três vezes a oferta. Para os organizadores da operação, a emissão de papéis mostrou que o Brasil continua com pleno acesso ao mercado internacional num momento em que o cenário está favorável após a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos e os resultados das vacinas para o combate da covid-19

Foi a primeira vez que o Tesouro vendeu ao mesmo tempo títulos com prazos diferentes: cinco anos (Global 2025), 10 anos (Global 2030) e 30 anos (Global 2050). A venda sincronizada de bônus de curto, médio e longo prazos servirá de referência para os captações externas de empresas brasileiras num cenário de grande liquidez de recursos no mercado internacional.

O Tesouro aproveitou uma das últimas janelas do ano para operações de venda de títulos do mercado internacional, dado que a liquidez (oferta de recursos) tende a reduzir após a primeira semana de dezembro. Além devoltar a ofertar títulos de longo prazo (30 anos), a emissão foi feira com o prêmio de risco país nas mínimas desde o início da pandemia. O título de 5 anos foi emitido à menor taxa já obtida pelo Brasil em emissões em dólares. 

Segundo o governo, o Tesouro diversificou as fontes de captação e a base de investidores, contribuindo para o alongamento do prazo médio da dívida pública. Após a eleição de Biden, os mercados externos ficaram bastante favoráveis para os países emergentes. Com os problemas fiscais, a dúvida que permanece é se Brasil vai conseguir surfar nessa onda.

Todas as taxas de retorno para o investidor (os juros que serão pagos pelo Tesouro) ficaram abaixo do que foi pago pelo governo brasileiro quando esses papéis foram emitidos pela primeira vez, em novembro do ano passado (no caso do bônus de 30 anos) e junho deste ano (demais papéis).

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O Tesouro emitiu US$ 500 milhões do Global 2025, com um retorno de 2,2% ao investidor. Para o Global 2030, o governo emitiu US$ 1,25 bilhão, com um retorno de 3,45% (ante 4% pago na emissão de junho). Já no Global 2050, o Tesouro emitiu US$ 750 milhões, com uma taxa de retorno de 4,5% (contra 4,914% na emissão de novembro de 2019). 

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