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Governo confirma condições da captação externa em reais

A oferta brasileira é vista pelo governo e pelo mercado como um importante teste para medir a confiança dos investidores no futuro da economia, apesar da crise política que abala o País há quatro meses. Os números da emissão

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo brasileiro realizou hoje a sua primeira emissão de títulos cotados em reais no exterior. O volume total da operação chegou a R$ 3,4 bilhões (cerca de US$ 1,5 bilhão) e a taxa de juros oferecida aos investidores ficou em 12,50% ao ano, segundo apurou a repórter Renata Veríssimo. Os títulos serão identificados como Global BRL 2016. O cálculo do juro obedece ao padrão norte-americano, não linear, que considera mês de 30 dias e ano de 360 dias. O juro será pago semestralmente, em 5 de janeiro e 5 de julho de cada ano, até o vencimento de 5 de janeiro de 2016. A liquidação financeira da operação está marcada para o dia 26 de setembro, na próxima semana. A oferta brasileira é vista pelo governo e pelo mercado como um importante teste para medir a confiança dos investidores no futuro da economia, apesar da crise política que abala o País há quatro meses. O Brasil também tem interesse nesse tipo de operação, porque reduz o risco cambial da dívida externa, já que numa emissão em moeda local o risco passa ser atrelado às condições da economia nacional. Como é feita a operação Para a realização de uma emissão de títulos no mercado externo, o governo contrata bancos para a coordenação da operação. Neste caso, os bancos escolhidos foram o JP Morgan e o Goldman Sachs e, como co-gerente, o banco Itaú. Por meio destes bancos, o governo consegue ter uma noção da demanda e do perfil de título desejado pelos investidores. A partir do anúncio oficial, fica sob a responsabilidade destas instituições fazer a intermediação entre a demanda dos investidores e o governo brasileiro. Os títulos são oferecidos em bolsas do mundo todo. No leilão destes papéis, os investidores fazem suas ofertas - de volume de títulos que desejam adquirir e qual a taxa de juros que aceitam negociar. Quanto melhor for a credibilidade nos fundamentos econômicos de um país, menores serão as taxas de juros (prêmios) exigidas pelos investidores. Depois do leilão, os bancos que coordenam a operação levam ao governo o resultado final das ofertas. Para determinar a taxa de juros e o valor da operação, o governo define um teto para os juros a serem pagos e todas as ofertas que ficarem abaixo deste patamar serão aceitas. Quanto menor a taxa de juros, melhor para o governo, já que sua dívida ficará menor. Empresas podem seguir tendência Seguindo a bem sucedida emissão soberana em reais, o Bradesco, agência Cayman, também anunciou uma emissão externa em moeda local. O volume ainda não foi definido, mas fonte do mercado ouvida pela repórter Regina Cardeal espera captação de pelo menos R$ 300 milhões. Os papéis terão vencimento em cinco anos, em janeiro de 2010. A taxa de juro indicativa é projetada em 14%. O Pactual deverá atuar como líder da emissão. O Bradesco já realizou captações externas em reais anteriormente. Em dezembro de 2004, o banco emitiu o equivalente a US$ 100 milhões em reais. Esta emissão foi reaberta em março passado, quando o Bradesco captou US$ 50 milhões, e em maio passado, quando emitiu mais US$ 30 milhões.

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