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Governo contrata pouca energia em leilão

Com demanda fraca e projeções pessimistas para a retomada econômica, dos 371 projetos habilitados, apenas 29 foram contratados em leilão

Por André Magnabosco
Atualização:
O número baixojá era esperado, assim como o deságio de 2,27% do leilão Foto: Divulgação

A retração da demanda por energia e a expectativa mais pessimista em relação à atividade econômica em 2015 e 2016 ditaram o resultado do leilão A-3 realizado ontem. Apenas 29 dos 371 projetos habilitados para a licitação tiveram energia contratada. O número baixo, contudo, já era esperado, assim como o deságio de 2,27% do leilão, e não representa um problema para o governo.

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“Não acredito que a solicitação das distribuidoras tenha sido muito diferente daquilo que foi contratado. Já se imaginava uma necessidade de energia baixa para este A-3”, destacou a diretora da consultoria Thymos Energia, Thaís Prandini. O leilão, cujo objetivo é adequar a contratação de energia à demanda identificada pelas distribuidoras, movimentou 58 GWh a serem gerados em usinas eólicas, térmicas a gás e biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.

Valores. A possibilidade que o leilão movimentasse um pequeno número de projetos e de energia contratada já era prevista. No fim do mês passado, o presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termoelétricas, Xisto Vieira Filho, disse que os valores máximos estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pelo leilão, eram insuficientes para atrair um grande número de geradores.

O preço máximo a ser pago para a energia gerada pelas térmicas foi definido previamente em R$ 218/MWh. Para Vieira, o valor precisaria ser superior a R$ 300/MWh. A situação se repetiu com a energia eólica, cujo montante foi estabelecido em R$ 184/MWh. A presidente da Associação Brasileira de Energia Elétrica, Elbia Gannoum, falava em um valor mínimo superior a R$ 200/MWh.

A situação mais favorável envolvia os projetos hidrelétricos de pequeno porte. O preço-teto de R$ 216/MWh era suficiente para viabilizar projetos, porém o prazo para que as empresas interessadas apresentassem a documentação necessária foi insuficiente, segundo o presidente da Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas, Ivo Pugnaloni. Essa situação explica o fato de a disputa dos projetos hídricos ter sido a mais acirrada, com deságio de 5,1%, porém com a contratação de apenas 7 dos 17 empreendimentos habilitados.

Problemas. O preço máximo estabelecido inicialmente pela Aneel foi encarado como uma sinalização de que o governo não tinha interesse em contratar grande volume de energia. A especialista da Thymos explica que os leilões A-3 são considerados complementares à contratação de energia realizada no leilão A-5. Por isso, o fornecimento de energia para 2018 foi garantido, em um primeiro momento, com a contratação de energia no leilão A-5 realizado em 2015. 

Além disso, o governo ainda poderia realizar um novo leilão, em 2017, para garantir a oferta do ano seguinte.

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