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Governo de SP lança linha de crédito de R$4 bi para montadoras

Acordo firmado com a Nossa Caixa prevê o repasse dos recursos para bancos e financeiras ligadas às empresas

Por Ricardo Leopoldo e da Agência Estado
Atualização:

O governador do Estado de São Paulo, José Serra, anunciou nesta terça-feira, 11, ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que a Nossa Caixa vai liberar R$ 4 bilhões para as cerca de 15 financeiras de montadoras, a fim de que os recursos sejam destinados à compra de veículos pelos consumidores. "Esses recursos são essenciais para a retomada das vendas desse segmento importante da economia e poderão ser concedidos às financeiras imediatamente", afirmou Serra, em solenidade no Palácio dos Bandeirantes.   Veja também: Crise financeira afeta atividades da GM nos EUA e Brasil Setor automotivo sofre 1ª queda anual de vendas em outubro BB socorre montadoras com R$ 4 bi Estoque de veículos novos já supera a produção De olho nos sintomas da crise econômica  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Dicionário da crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, o crédito é essencial para o setor automotivo, dado que 70% das vendas aos clientes são realizadas a prazo. Antes da crise internacional, os bancos ofereciam planos de até 72 meses, sem pagamento de entrada. As vendas passaram a bater sucessivos recordes mensais, situação interrompida em outubro, quando os negócios registraram queda de 2,1% ante o mesmo mês de 2007, para 239,2 mil veículos. Com a verba extra que será disponibilizada entre este mês e dezembro, as instituições pretendem voltar a oferecer juros mais baixos e prazos mais longos de crediário para recuperar as vendas de veículos. No mês passado, os negócios caíram 11% na comparação com setembro. Diante da retração, montadoras anteciparam férias coletivas de fim de ano. A General Motors (GM) anunciou um programa de demissão voluntária em duas fábricas. Nas últimas semanas, além de os juros terem aumentado entre 20% e 30%, os prazos de financiamento caíram para a média de 36 a 42 meses e os bancos passaram a exigir até 50% do valor do carro como entrada. A linha de crédito da Nossa Caixa terá operações com prazo de até 18 meses e os recursos terão como garantia, para o banco estadual, os recebíveis dos empréstimos para a compra de veículos originados pelas instituições financeiras das fabricantes de carros. Segundo comunicado do banco, as taxas de juros serão definidas no ato de cada negociação e estarão em linha com as praticadas pelo mercado. Os financiamentos oferecidos pela Nossa Caixa serão tomados direta e individualmente pelos bancos e financeiras ligados às montadoras, por meio de depósitos interfinanceiros (DI). Na semana passada, o governo federal já havia anunciado uma ajuda de R$ 4 bilhões do Banco do Brasil (BB) aos bancos das montadoras para financiar a compra de carros aos consumidores. Como garantia, o BB receberá as carteiras de crédito das instituições financeiras. Setor em crise A demanda de automóveis está caindo aceleradamente no mundo inteiro, porque os temores de recessões possivelmente graves nos Estados Unidos e na Europa fazem com que os consumidores adiem compras maiores, enquanto um aperto do crédito em todo o mundo torna ainda mais difícil para os que estão interessados na compra de veículos levantar empréstimos. As vendas, na verdade, estão paradas em quase todo o mundo. Na Alemanha, tanto a BMW, a maior fabricante de carros de luxo do mundo, quanto sua concorrente, a Mercedes, registraram quedas consideráveis das vendas em outubro, e deram como motivo a constante debilidade dos mercados nos EUA e na Europa Oriental. Na quinta-feira passada, a japonesa Toyota, maior fabricante de automóveis do mundo, anunciou que havia baixado drasticamente sua previsão de lucros para o ano. A empresa também registrou, no terceiro trimestre, seu menor lucro desde 2002, quando começou a publicar seus balanços. A GM e a Ford também anunciaram prejuízos trimestrais muito superiores às previsões que vinham sendo feitas, e informaram que sua taxa de gastos estava se acelerando. Combinadas com o declínio considerável das vendas de automóveis das duas empresas, essas informações levantaram ainda mais dúvidas quanto ao futuro da indústria automobilística americana. (com Cleide Silva e Renata Veríssimo, de O Estado de S. Paulo, e agências internacionais)

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