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Governo descarta falta de energia nos próximos anos

O presidente da EPE admitiu, porém, que haverá turbulência até 2009

Por Agencia Estado
Atualização:

Coordenador do programa energético da campanha petista, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, descartou a possibilidade de falta de energia nos próximos anos. Apesar de reconhecer que 2007 e 2008 serão "anos de turbulência" devido à escassez de gás natural para geração térmica, Tolmasquim disse que há usinas a óleo que podem ser despachadas (colocadas em operação) se necessário, mesmo que isso signifique aumento nas tarifas de eletricidade. "Não existe risco de faltar energia. O que está em discussão são as tarifas", afirmou Tolmasquim, referindo-se à proposta da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de reduzir a energia assegurada por térmicas que não têm gás para operar. A proposta será discutida nesta sexta-feira e, segundo projeções do mercado, aumenta o risco de déficit no fornecimento de energia já que, com menos usinas térmicas disponíveis, o Brasil precisa poupar mais água nos reservatórios das hidrelétricas. Tolmasquim afirmou que o País vai enfrentar essa turbulência com tranqüilidade, uma vez que as chuvas acima da média este ano vão garantir acumulação de água suficiente para gerar energia hidráulica, sem precisar de muitas térmicas nos próximos dois anos. "A situação é totalmente gerenciável porque dá para passar por 2007 e 2008 sem problema nenhum", afirmou o executivo. "Em último caso, podemos acionar as térmicas mais caras, a óleo, que estão desligadas", completou. Nesse caso, haverá impacto nas tarifas de energia, admitiu. Soluções Em setembro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) foi obrigado a ligar térmicas a óleo por falta de gás para usinas mais baratas. Na ocasião, cinco térmicas a gás que deveriam entrar em operação por mérito de custo foram declaradas indisponíveis pelos seus proprietários. Tolmasquim frisou que o problema foi pontual, provocado por restrições em equipamentos responsáveis pela compressão de gás na Bolívia. Mas admitiu que o balanço entre oferta e demanda do combustível está apertado. Ele lembrou que a Petrobras trabalha na conversão de algumas térmicas para o uso de óleo diesel a fim de resolver a questão. Para o início de 2009, o governo espera uma oferta adicional de gás produzido no Brasil e importado sob a forma de gás natural liquefeito (GNL), que equacionará a situação das térmicas. O presidente da EPE não quis adiantar qual será a posição do governo na audiência pública de sexta-feira, dia 27. A proposta da Aneel é polêmica e põe de lados opostos geradores e distribuidores de energia. "A questão é financeira: se retirar as térmicas, os preços sobem e quem vende energia vai ganhar mais. Quem compra energia, por outro lado, perde", explica. Ele destacou, porém, que a Petrobras terá de arcar com o prejuízo de não entregar gás para térmicas que estejam com contratos. "Não tem jeito, porque é ela quem tem compromisso de entregar gás." Energia nuclear Tolmasquim disse ainda que a decisão sobre a expansão do parque nuclear brasileiro está nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A questão não consta do programa de investimentos no setor para um eventual segundo mandato, que prioriza grandes usinas hidrelétricas, mas ele confirmou que a construção de novas centrais nucleares está em discussão no Planalto. "Não há dúvidas que a energia nuclear tem espaço na matriz energética brasileira, mas ainda não está decidido como isso será feito", afirmou o executivo. No Plano Decenal de Energia Elétrica (PDEE), lançado este ano, a EPE conta com a conclusão de Angra 3, projeto remanescente do programa nuclear da década de 70, como alternativa para ampliar o parque gerador brasileiro até 2015. O programa apresentado por Tolmasquim prevê a continuidade da política energética do primeiro mandato, com a realização de leilões que garantam o abastecimento em um prazo de cinco anos. O executivo citou as hidrelétricas do Rio Madeira e de Belo Monte, no Rio Tocantins, como os dois principais projetos geradores que devem ser viabilizados em um segundo mandato. Outra prioridade é a redução da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que paga o combustível para térmicas na região Norte e é rateada por todos os consumidores de energia do País.

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