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Governo descarta "queda abrupta dos juros"

Por Agencia Estado
Atualização:

Além de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido a taxa de juros básica da economia em 26,5% ao ano, o governo avalia que a Selic deverá permanecer alta por mais algum tempo. "Não se espera uma queda abrupta na taxa de juros básica", diz o boletim de acompanhamento macroeconômico, elaborado pela secretaria de política econômica do Ministério da Fazenda, divulgado na tarde desta quarta-feira. O texto enumera as seguintes razões para o juro continuar alto: a desaceleração das taxas de inflação ocorre em ritmo lento, nada garante que o dólar continuará na casa dos R$ 3,00 e há um "longo trajeto" até a aprovação das reformas pelo Congresso. Os dados reunidos pelo boletim mostram que economia real está se enfraquecendo: a produção industrial caiu em comparação com o final do ano passado, os investimentos estão em compasso de espera, o poder aquisitivo do trabalhador encolheu. "A queda no rendimento acabou por restringir o consumo, afetando principalmente a população de menor renda", diz o documento. Apesar do quadro negativo, os técnicos avaliam que há "uma alta probabilidade de crescimento moderado em 2003". A projeção do Banco Central é de uma expansão de 2,2% no PIB em 2003. O boletim aponta os setores exportador e agrícola como os propulsores da economia neste ano. Na avaliação da secretaria, os índices de preços ao consumidor estão caindo num ritmo mais lento do que o esperado. Uma das razões é o preço dos alimentos, que continua elevado. Três fatores deram fôlego à remarcação dos preços: aumento do número de empregos (embora mais da metade tenha sido no mercado informal) e, por isso, aumento na massa salarial; algumas categorias trabalhistas conseguiram reajustes na casa dos 10% e a Caixa continuou pagando os atrasados do FGTS. Diante desse quadro, o varejo conseguiu remarcar preços, o que alimentou a inflação e fez cair o poder aquisitivo do trabalhador, principalmente o de menor renda. O texto do boletim afirma que os preços dos alimentos estão elevados para o primeiro quadrimestre do ano "mesmo quando comparados, por exemplo, aos verificados no início de 1999, quando da mudança do regime cambial." Os técnicos esperam que essa pressão se reduza em maio, por causa da queda do dólar, do recuo do preço do petróleo e porque o nível da atividade econômica deverá continuar baixo.

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