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Governo discute ajuda extra às montadoras

Presidente Lula diz que não vai permitir que a indústria automobilística sofra por falta de crédito

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ao setor automobilístico ajuda extra para facilitar o financiamento de veículos, atualmente escasso por causa da crise internacional. Ele agendou para amanhã uma reunião entre os dirigentes das montadoras com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir medidas de retomada do crédito mais farto e mais barato para a compra de automóveis. Lula lembrou que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão autorizados a adotar medidas como a compra de carteira de clientes de bancos que estejam em dificuldade. O governador de São Paulo, José Serra, também disse que o banco estadual Nossa Caixa participará "do esforço no sentido de retomar o crédito ao consumidor". Lula, que participou da cerimônia de abertura da 25ª edição do Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo, disse que não permitirá "que uma indústria de ponta como a automobilística possa sofrer qualquer problema por falta de crédito". Segundo ele, as medidas são para evitar que a crise atrapalhe, "na hora em que o pobre começa a ter acesso à paixão nacional de ter um carrinho". Antes da cerimônia, Lula se reuniu por cerca de 20 minutos com todos os presidentes das montadoras brasileiras e executivos do setor para confirmar o interesse do governo em apoiar a indústria. Pediu, porém, garantias de que as empresas não vão suspender investimentos no País. Montadoras e autopeças anunciaram investimentos de US$ 23 bilhões até 2012. "Temos de olhar para a crise com a atenção que ela merece, mas não podemos entrar na síndrome da crise e paralisar nossas atividades", disse. O encontro de amanhã será realizado em São Paulo, em local e horário a ser definido. Para as montadoras, que vêem as vendas em queda este mês, a parceria dos bancos oficiais com as financeiras deve levar o mercado a uma reação. As empresas previam vender este ano cerca de 3 milhões de veículos, mas, nesta semana, muitas já admitiam números menores, na casa dos 2,8 milhões de unidades. Outra preocupação é com 2009, que corre o risco de ficar estagnado em vendas. Para as montadoras, o importante nesse momento seria os bancos oficiais irrigarem o mercado de crédito. "O mercado precisa que o crédito não tenha o constrangimento que está tendo agora, mas que tenha a dinâmica de antes da crise", disse Jackson Schneider, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Há até poucos meses, as financeiras ofereciam crédito sem muitas restrições ao tomador, juros baixos e prazos médios de 60 meses. Hoje, as taxas dobraram e os prazos não passam de 48 meses. Para o presidente da Renault, Jérome Stoll, o importante "é tomar uma decisão rapidamente" para evitar que a crise se aprofunde. Vender ou não a carteira de clientes para o BB ou a Caixa vai depender das condições a serem apresentadas. Marcos de Oliveira, presidente da Ford, disse que, além do crédito ao consumidor, as montadoras também enfrentam problemas para financiar os estoques das concessionárias, e esperam medidas nessa área.

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