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Governo discute estratégia para Mercosul

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso convocou nesta quarta-feira todos os ministros envolvidos nas discussões sobre o Mercosul para discutir como o Brasil deve atuar para manter os compromissos do bloco ao longo do segundo semestre, apesar das crises que assolam seus três sócios e das ameaças de fragmentação. Basicamente, discutiu-se em quais pontos o País deve ceder e quais as suas iniciativas, em especial na área de financiamento, que possam motivar a produção e o comércio no bloco. O Brasil presidirá temporariamente o Mercosul entre julho e dezembro ? período que coincide com a etapa final do governo de Fernando Henrique. Em princípio, o presidente esperava fazer da reunião de cúpula de dezembro, em Brasília, uma espécie de celebração de seu legado para a integração regional. O evento ocorrerá a apenas três semanas da posse de seu sucessor, em 1º de janeiro. Entretanto, as crises que assolam a Argentina, o Paraguai e o Uruguai e mesmo as incertezas sobre o processo eleitoral no Brasil provocaram mudanças na estratégia do Palácio do Planalto. Em dezembro, a mera preservação dos compromissos dos quatro sócios de manter a união aduaneira e o livre comércio seriam considerados feitos louváveis do atual governo. A preservação do caráter de união aduaneira do Mercosul - bloco que mantém uma tarifa externa unificada e conduz em conjunto as negociações comerciais - garantiria a seus países-membros negociar em bloco a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que entrará em sua fase decisiva em 2003, e a continuidade das suas discussões comerciais com a União Européia. Para o Brasil, manter o acordo do Mercosul intacto é crucial. Trata-se do ponto básico da estratégia negociadora do País. Mas Fernando Henrique está ciente de que a preservação do bloco dependerá do que o Brasil tenha a oferecer para a recuperação econômica de seus sócios. Por causa disso, convocou ao Palácio do Planalto os ministros da Fazenda, Pedro Malan, do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, das Relações Exteriores, Celso Lafer, da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, e o chefe da Casa Civil, Pedro Parente. Um dos principais temas tratados foi a reativação do comércio entre os quatro sócios, por meio da oferta de novas e mais flexíveis linhas de financiamento. Há cinco meses, o Brasil propôs a reativação do Convênio de Crédito Recíproco (CCR) ao governo argentino. Mas as conversas não evoluíram. Da mesma forma, as propostas de criação de linhas do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para fomentar o o comércio regional caíram no esquecimento ? fato que vem desagradando o Palácio do Planalto. A reunião foi marcada ainda pela discussão dos cenários econômico e político dos três sócios do Brasil no Mercosul. Fontes do Itamaraty informaram que o governo está especialmente preocupado com a possibilidade de antecipação das eleições presidenciais na Argentina para março de 2003 ou até mesmo para dezembro deste ano e com a demora da negociação do acordo desse país com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo ainda acompanha com preocupação o avanço da recessão no Uruguai e as dificuldades políticas do Paraguai, que devem criar mais entraves para um possível acordo também com o Fundo.

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