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Governo dos EUA vai ficar com 70% da GM

E sindicato dos empregados ficará com 20% das ações da empresa

Por Micheline Maynard e DETROIT
Atualização:

O governo americano vai controlar uma fatia substancial da General Motors depois que a empresa sair da recuperação judicial, e oferecerá à GM financiamento de cerca de US$ 50 bilhões para que a empresa possa se reorganizar, segundo informaram na terça-feira fontes com conhecimento direto da situação. O Departamento do Tesouro ficará com cerca de 70% da nova GM, enquanto o sindicato dos trabalhadores das montadoras (United Automobile Workers, ou UAW) receberá 17,5% da empresa por meio do seu fundo de auxílio médico aos aposentados. O fundo também levará um bônus adicional de 2,5% das ações da nova GM, cujo preço será determinado posteriormente, potencialmente conferindo ao sindicato uma participação de 20%. Trata-se de aproximadamente a metade das ações que o fundo do UAW, chamado de Associação Voluntária para o Benefício dos Funcionários (Veba, em inglês), esperava receber. Os números foram divulgados aos líderes sindicais em Detroit, onde eles se reuniram na terça-feira para avaliar um novo acordo entre UAW e GM. Os detentores de títulos da dívida da GM receberão uma participação de aproximadamente 10% na nova empresa, e outros receberão participações menores, disseram essas fontes. A GM, que já recebeu US$ 19,4 bilhões em financiamento do Tesouro, obteria outros US$ 50 bilhões ou mais em financiamento DIP (Debtor in Possession, empréstimo geralmente oferecido a uma empresa já falida durante seu plano de reestruturação) aos quais a empresa poderia recorrer. O Tesouro planeja criar uma nova versão da GM com os seus bens mais atraentes, como a Chevrolet, a Cadillac e algumas das suas operações de manufatura. O restante da GM seria vendido ou liquidado. Espera-se que a GM busque a recuperação judicial na segunda-feira, data-limite estabelecida pela administração Barack Obama para a reformulação da empresa, mas o conjunto inicial de documentos pode ser entregue durante o fim de semana, o que possibilitaria a realização das primeiras audiências nos tribunais na semana que vem, segundo as fontes. O valor de US$ 50 bilhões ou mais inclui US$ 7,6 bilhões que a GM declarou ao Tesouro serem necessários para manter o funcionamento da empresa a partir de 1º de junho. Se os planos do governo se concretizarem, o Tesouro poderia ficar com 70% da GM e partilhar uma fatia de 10% da Chrysler com o governo canadense, depois que ambas as empresas emergirem da recuperação judicial. A GM aguarda o resultado de uma oferta de troca feita aos detentores dos títulos da sua dívida, que precisavam decidir até a meia-noite de hoje se desejam trocar US$ 27 bilhões em títulos. É provável que poucos detentores de títulos da dívida aceitem a oferta, segundo a qual eles receberiam US$ 0,41 por US$ 1 em títulos. A GM declarou que buscaria a recuperação judicial caso menos de 90% dos detentores dos títulos da sua dívida aceitassem a oferta. Analistas do setor consideram praticamente impossível a concretização de um acordo com os detentores de títulos. Greg Martin, porta-voz da GM, não quis arriscar uma previsão quanto ao resultado do acordo. Ele disse que a GM faria um pronunciamento antes da abertura do mercado acionário nesta quarta-feira. "Se a troca dos títulos da dívida malograr, ou se qualquer um dos requisitos mínimos não forem satisfeitos, então o Conselho de Administração da GM se reunirá para debater as próximas medidas a serem tomadas", declarou Martin.

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