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Governo Duhalde quer conter dólar; FMI o prefere livre

Por Agencia Estado
Atualização:

Na terça-feira passada, o chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) na Argentina, o economista indiano Anoop Singh, exigiu ao presidente Eduardo Duhalde que o Banco Central não colocasse mais dólares no mercado. No entanto, na quarta-feira, para conter a escalada da moeda americana, o BC argentino injetou dólares. Extra-oficialmente, afirma-se que Singh enfureceu com o tradutor, pensando que este havia explicado mal a Duhalde o que devia fazer. Mas, depois, Singh foi informado de que, apesar da exigência, o presidente havia feito o contrário. "Vamos fazer o dólar descer", sustentou publicamente Duhalde na sexta-feira, em claro desafio ao FMI. No entanto, apesar da intervenção do BC argentino, que em três dias injetou mais de US$ 200 milhões no mercado, não conseguiu impedir o avanço do dólar. Ao longo da semana, a desvalorização do peso em relação à moeda americana foi de 7,4%. Na sexta-feira, a cotação do dólar terminou a jornada em 2,45 pesos. Uma das exigências que Singh deixou ao governo argentino antes de retornar a Washington na sexta-feira foi a de deixar o peso flutuar livremente em relação ao dólar, para poder verificar qual será o teto natural da moeda americana. O governo resiste à idéia do FMI, já que Duhalde teme que uma disparada do dólar cause uma simultânea alta dos preços dos produtos, principalmente da cesta básica. Duhalde sabe que se o dólar disparar, corre o risco de não continuar ocupando "el sillón de Rivadavia", como é conhecida a cadeira presidencial. Segundo a economista Marta Bekerman, da Universidade de Buenos Aires, "uma batalha está acontecendo na Argentina, relacionada com o sistema monetário que regerá nos próximos tempos. SE estará baseado no peso, ou se no dólar". Segundo Bekerman, "esta contenda tem um final aberto". O governo pretende que na segunda-feira o dólar comece a cair. Para que isto aconteça, o Banco Central determinou que todos os bancos devem "desprender-se" dos dólares que constituam mais de 5% de seu patrimônio. Além disso, o governo anunciou que os exportadores terão que liqüidar mais rapidamente as divisas que possuem. As duas medidas causaram a fúria dos setores atingidos. Os banqueiros se reunirão na segunda-feira com o BC para modificar a porcentagem de 5%. Os exportadores sustentam que a liqüidação urgente das divisas fará as vendas ao exterior despencarem. O chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, descartou neste sábado os rumores de que a permanência do presidente Duhalde no governo esteja estreitamente vinculada à obtenção de um acordo com o FMI. "Não passa pela cabeça de Duhalde deixar o governo se não houver ajuda financeira para a Argentina", disse. Leia o especial

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