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Governo hesita em protestar contra subsídio à soja

Por Agencia Estado
Atualização:

A falta de entendimento entre o Ministério da Agricultura, Itamaraty e o Ministério da Fazenda está fazendo com que o Brasil deixe engavetado a queixa contra o protecionismo agrícola dos Estados Unidos. Em junho do ano passado, o Ministério da Agricultura começou a debater a possibilidade de pedir a intervenção da Organização Mundial do Comércio (OMC) em relação aos subsídios dados pelos Estados Unidos aos produtos locais de soja. Os agricultores acusam os subsídios dados pela Casa Branca de prejudicar as vendas brasileiras no exterior. Um ano mais tarde, porém, o processo, apesar de pronto, ainda não chegou a Genebra por pressões de parte do governo. Alguns diplomatas e funcionários do Ministério da Fazenda acreditam que um caso contra o principal parceiro econômico do País poderá afetar as relações bilaterais de forma negativa e prejudicar ainda mais a situação econômica do País. Mas altos funcionários da OMC lembram que o mecanismo de solução de controvérsias foi criado exatamente para não politizar uma disputa comercial. Prova disso é que, entre a Europa e os Estados Unidos, os casos na OMC se proliferam, mas a relação política em nenhum momento foi questionada. Durante os últimos 12 meses, fontes de dentro do próprio governo alegam que os setores contrários ao caso da soja têm se utilizado de vários instrumentos para evitar que a queixa seja iniciada em Genebra. Uma das táticas desse grupo do governo, composto pelo Itamaraty e Fazenda, foi pedir que o Ministério da Agricultura desenvolvesse um modelo econométrico para provar que o Brasil estava sendo prejudicado. Com isso, o País supostamente poderia ter mais segurança de uma vitória na OMC. O modelo foi criado por economistas, mas acabou atrasando o caso em quase seis meses. Outro passo para retardar o processo foi exigir que a nova lei agrícola dos Estados Unidos, que permite um aumento dos subsídios aos produtores locais, fosse incluída na queixa preparada sobre a soja. Se não bastasse a pressão de dentro do próprio governo contra o caso, os Estados Unidos também começaram a pressionar para que a queixa não fosse concretizada. No mês passado, a Casa Branca ameaçou levar o Brasil à OMC por causa da pirataria se Brasília não desistisse do caso da soja. A reação no Itamaraty foi de que o questionamento contra Washington teria de ser repensado. Por enquanto, quem mais sofre com as discordâncias entre os ministérios e a relutância de parte do governo são os produtores de soja. Segundo estimativas do setor, o País deixa de ganhar cerca de US$ 1 bilhão por ano por causa da política norte-americana.

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