
22 de agosto de 2010 | 00h00
O fato é que o preço do petróleo caiu com a crise e os consumidores de gasolina e diesel ainda não sentiram nos bolsos. Porém, o que todos sabemos é que a estatal, desde o início da crise, atravessa um problema de alavancagem da dívida. Nesse momento, manter os preços da gasolina e do diesel acima do mercado internacional é uma ajuda fundamental e essencial para o seu caixa. Vide os empréstimos que a estatal andou tomando nos bancos públicos depois da crise econômica.
Afinal de contas, a venda da gasolina e diesel representa cerca de 60% da receita da Petrobrás. A política de preços da Petrobrás é completamente diferente da maioria das petroleiras: quando o barril de petróleo estava caro, a empresa subsidiava o consumidor. Atualmente, com o barril mais barato, os consumidores de gasolina e diesel são compulsoriamente financiadores da estatal.
E por que tudo isso acontece? Porque falta, em primeiro lugar, e não é de hoje, uma política de combustíveis no Brasil. Com isso, acaba por termos de conviver com uma ciclotimia onde sempre se acaba elegendo e privilegiando o combustível da ocasião.
Já foi o diesel na época do primeiro e segundo choque do petróleo, depois o álcool, voltou a gasolina por causa do contrachoque do petróleo em 1986, e no fim dos anos 90 o GNV, com a inauguração do gasoduto Brasil-Bolívia, e agora voltou o etanol. Já está mais que na hora de o governo elaborar uma política para os combustíveis baseada em diversos parâmetros, com destaque para a questão ambiental. Em segundo lugar, a Petrobrás precisa utilizar sua liberdade de fixar preços dos derivados em benefício dos acionistas e da própria empresa, que acaba prejudicada pelo fato de ter sua política de preços guiada pelos projetos políticos do governo de plantão.
Já esta na hora de despolitizar o assunto e dar sinais econômicos corretos para os investidores e consumidores. Pena que os candidatos à Presidência da República não se pronunciem sobre um tema dessa importância.
DIRETOR DO CBIE
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