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Governo já prevê crescimento menor

Por Ribamar Oliveira , Fabio Graner e BRASÍLIA
Atualização:

A turbulência da economia americana já provocou uma mudança de humor na equipe econômica do governo. As previsões para o crescimento da economia brasileira este ano tornaram-se mais conservadoras. Agora, aumentou o número daqueles que apostam numa expansão menor do que 5% e consideram a previsão de 4,5%, feita pelo Banco Central, mais próxima do atual cenário internacional. As projeções mais otimistas, que apontavam para crescimento superior a 5%, foram arquivadas. Embora adote uma atitude mais cautelosa, o governo adverte que é impossível saber, neste momento, a extensão dos estragos da crise. Os técnicos são unânimes em considerar que a reação da economia brasileira é melhor do que no passado. O impacto da retração da economia americana será menor dessa vez, argumentam, porque o motor do crescimento do País é o mercado interno, sustentado pelo aumento da renda e do emprego. Em outros tempos, o Brasil dependia mais das exportações e do mercado externo. Outro fator é o atual nível das reservas internacionais, que, na sexta-feira, atingiu US$ 184,9 bilhões. Esse montante representa 94% da dívida externa total em novembro do ano passado, que era de US$ 196,2 bilhões. Neste momento, segundo os técnicos, o País não depende de recursos externos para financiar o seu balanço de pagamentos. Eles concluem que o Brasil está em condições de "esperar" o desenrolar da crise para adotar as medidas necessárias. Um complicador, segundo as fontes, é efeito da redução do crescimento, mesmo que em pequena intensidade, na projeção de receita do Tesouro Nacional este ano. A receita que consta da proposta orçamentária foi projetada com base em um crescimento de 5%. Se for inferior, o governo arrecadará menos e os cortes nas despesas terão de ser maiores do que os R$ 20 bilhões anunciados. Embora mais apreensiva, a equipe econômica ainda não trabalha com um cenário em que a crise externa será grave o suficiente para reverter a trajetória de crescimento ou provocar uma disparada do dólar e, conseqüentemente, da inflação. O cenário básico de crescimento na casa de 5% ainda não foi descartado, mas aumentaram as incertezas e as chances de uma expansão de menor magnitude. Na semana passada, por exemplo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou a previsão de 5%, mas admitiu que uma desaceleração global poderia reduzir o resultado. Um elemento que favorece a análise mais otimista do ministro é a inércia da atividade econômica elevada no segundo semestre de 2007. Segundo os técnicos do governo, ela já garantiria, mesmo com recessão nos EUA, uma expansão ao redor de 4% para o Brasil, com o mercado interno como esteio do crescimento.

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