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Governo lança pacote, mas mercado prevê pouco impacto na economia

Além de cortar a taxa de juros para investimentos, governo amplia para R$ 8,4 bilhões as compras de equipamentos até dezembro

Por LU AIKO OTTA/ BRASÍLIA
Atualização:

O governo cortou a taxa de juros para investimentos e ampliou para R$ 8,4 bilhões os gastos que pretende fazer até dezembro com a compra de equipamentos para impulsionar a economia. O pacote ajuda segmentos específicos da indústria, mas será insuficiente para alterar o quadro de baixo crescimento econômico previsto para este ano."Temos de continuar com as políticas de estímulo" disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante apresentação do "PAC equipamentos", como foi denominado o conjunto de medidas. O pacote foi lançado pelo Planalto às vésperas da divulgação da nova projeção do Banco Central para o crescimento da economia. A expectativa no mercado é que a estimativa ficará abaixo dos 3,5% de expansão previstos até agora. "Neste momento, é importante estimular investimentos, pois são mola mestra do crescimento", defendeu o ministro.Para tentar convencer as empresas a tirar das prateleiras os projetos de investimento, a presidente Dilma Rousseff determinou à equipe econômica que cortasse de 6% para 5,5% a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que baliza os empréstimos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concede para as companhias. A taxa não era alterada desde 2009. Mantega era contrário ao corte, que foi defendido pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e pelo presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho.Dilma expressou, mais uma vez, preocupação com os desdobramentos do quadro financeiro internacional. Segundo ela, a crise na Europa é mais complexa do que a que levou à quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers, em 2008. "Isso nos preocupa, mas não nos amedronta", afirmou. A indústria de transportes será a principal beneficiada com a ampliação das compras governamentais. A lista inclui a aquisição de 8 mil caminhões, 3 mil patrulhas agrícolas, 3.591 retroescavadeiras, 1.330 motoniveladoras, 2.125 ambulâncias, entre outros equipamentos. Em ano eleitoral, a maior parte dos equipamentos será distribuída a prefeituras, mas Mantega garantiu que a lei eleitoral será respeitada. Insuficientes. Para os especialistas, o pacote será insuficiente para alavancar os investimentos, porque os juros do BNDES já são baixos e porque o volume de compras de equipamentos envolvidos não é tão expressivo.Nas contas de Bráulio Borges, economista-chefe da LCA, se todas as aquisições forem realmente realizadas até o fim do ano, o pacote elevaria a taxa de investimento do País em apenas 0,2% do PIB. "O pacote é bom porque estimula o investimento e não o consumo, mas esperávamos algo mais ousado para incentivar o setor privado a investir", disse."A longo prazo, as medidas podem estimular a economia, sendo uma tentativa de melhorar a infraestrutura. Entretanto, o PIB deve fechar no máximo em 2,5%", disse o professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana.O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse que as medidas são "importantes para os setores envolvidos", mas não vão alterar a expectativa de crescimento da indústria em 2012. A expansão estimada para este ano é de algo entre 2% e 2,5%. Do total a ser gasto com compras, R$ 1,8 bilhão já estava previsto no Orçamento deste ano. Os restantes R$ 6,6 bilhões serão complementados por uma Medida Provisória. O dinheiro integrará o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cujo orçamento passará de R$ 42,6 bilhões para R$ 51 bilhões. Ainda assim, o governo mantém a determinação de cumprir a meta fiscal deste ano sem usar a prerrogativa de descontar os investimentos do PAC do total de despesas. /COLABORARAM RENATA VERÍSSIMO, FRANCISCO CARLOS DE ASSIS E RAQUEL LANDIM

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