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Governo mantém investimento no pré-sal, mas sem gastar muito

Em 2009, gasto será de R$ 615 mi; para 2010, previsão é de R$ 9,3 bi

Por Lu Aiko Otta , Fabio Graner e Leonardo Goy
Atualização:

O governo decidiu manter os investimentos no pré-sal a despeito da crise, mas isso não significa que a Petrobrás fará gastos astronômicos no curto prazo. No ano que vem, serão gastos R$ 615 milhões para o teste de longa duração do campo de Tupi. Em 2010, o investimento previsto é de R$ 9,3 bilhões - menos do que os R$ 11,4 bilhões que a estatal recolheu à Receita Federal só no mês de outubro passado - para o piloto de produção também em Tupi. O discurso de manutenção do pré-sal é, porém, útil ao governo por três razões: atua na formação de expectativas positivas em relação à economia num momento em que os agentes econômicos preferem a cautela, é um canal para a política fiscal anticíclica (na qual o gasto público aumenta para estimular a economia) e compõe a plataforma eleitoral da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que se apresenta como a capitã de um Estado que lidera o crescimento do País. A ministra é, no momento, a melhor aposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessão. O governo está determinado evitar uma queda brusca na taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. Para isso, vai aumentar seus gastos, a exemplo do que vêm fazendo os governos de Estados Unidos e Europa. Por isso, o presidente Lula já determinou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fique imune a cortes no Orçamento. Também foi decidido que a crise não afetará os investimentos no pré-sal. Segundo estimativas da área econômica, o pré-sal e o "filho" de Dilma, o PAC, responderão por 0,5 ponto porcentual da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. Os investimentos do governo federal, sem contar as empresas estatais, serão elevados de 1% do PIB para 1,2% do PIB. A atuação forte do setor público nos investimentos é vista como a principal arma que o governo tem para dar combustível à economia em meio aos efeitos negativos da crise internacional. O entendimento no governo é de que se tornou crucial atuar no campo das expectativas dos agentes econômicos para sustentar um ritmo razoável de crescimento econômico. O governo mantém a projeção de um crescimento de 4% e não quer nem sonhar com a possibilidade de a economia crescer abaixo dos 3% em 2009, patamar considerado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O entendimento é de que o gasto público voltado para o investimento é uma das linhas de transmissão para o sucesso desse trabalho. A intenção do governo é beneficiar-se do petróleo não só por meio da sua exportação e suprimento no mercado interno, mas também por meio do desenvolvimento de uma cadeia produtiva no Brasil. A Petrobrás pretende comprar sondas e barcos no mercado interno, além de assinar contratos de longo prazo com prestadores de serviços. Daqui até 2020, a exploração do pré-sal deverá demandar investimentos de US$ 600 bilhões. Porém, essa cifra não é precisa porque até o momento não se sabe sequer o tamanho exato das reservas.

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