26 de agosto de 2015 | 12h35
BRASÍLIA - O quadro fiscal para o próximo ano é tão crítico que a equipe econômica do governo começou a preparar a proposta de Orçamento de 2016 partindo de um déficit primário ao final do ano.
Isso significa dizer que pelas projeções iniciais o resultado do ano que vem será negativo já de início, se nenhuma medida for adotada para aumentar as receitas e cortar as despesas obrigatórias.
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É com essa premissa que a Junta Orçamentária do governo - que reúne os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloisio Mercadante (Casa Civil) - começou a desenhar nas últimas semanas a peça orçamentária que será enviada no próximo dia 31 ao Congresso Nacional.
O impasse, que cresceu nos últimos dias dentro do governo, tem sido a pouca disposição para o aprofundamento de propostas de cortes mais profundos e duradouros nas despesas obrigatórias.
O Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, apurou que os cortes de programas e despesas obrigatórias que estão sendo definidos pela Junta Orçamentária são muito menores do que o proposto pela equipe econômica. Para o Ministério da Fazenda, um aumento da carga tributária vai contra a agenda de desenvolvimento e da produtividade. Dificulta a competitividade do País.
A presidente Dilma Rousseff não encampou as medidas em estudo consideradas mais duras para reduzir os gastos obrigatórios, principalmente da Previdência.
O próprio ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, marcou posição ontem afirmando que a implementação do fórum sobre previdência, emprego e renda - previsto para o dia 2 de setembro, para discutir políticas para incentivar a geração de empregos e preservar a Previdência - "patrimônio dos trabalhadores".
A estratégia inicial do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, era a de aprofundar os cortes e as reformas estruturais, mas há uma pressão grande para novas medidas de aumento de impostos para reforçar a arrecadação.
"A conta não vai fechar sem aumento de tributos", disse um integrante da equipe econômica.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, confirmou ontem que o governo estava estudando medidas para cortes de despesas obrigatórias e o Ministério da Fazenda propostas para aumento de impostos.
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