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Governo perdeu medo do mercado, diz Delfim

Por Agencia Estado
Atualização:

O deputado federal e ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto (PPB-SP) disse hoje durante o VI Fórum da Indústria de Aluguel de Automóveis (ABLA), em São Paulo, que a redução de 1,5 ponto porcentual na taxa básica de juro na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) demonstrou que o governo perdeu o medo e enfrentou o mercado financeiro que esperava uma queda de 1 ponto. Ele disse que isso foi possível, porque existe mais confiança de que a meta inflacionária de 2004, de 5,5%, é viável. A decisão do Copom, na opinião do ex-ministro, demonstrou ainda que o objetivo do Banco Central está mudando, deixando de se preocupar somente com a inflação e dando mais ênfase agora ao crescimento econômico. Segundo o deputado, a previsão de uma evolução no Produto Interno Bruto (PIB), de 3,5%, "ninguém sabe de onde saiu, mas todos estão acreditando, as pessoas passam a investir e a profecia se auto-realiza." Para ele, "o crescimento econômico se materializa quando acorda o espírito animal do empresário ao visualizar os rabanetes dos lucros futuros." Delfim Netto acredita que o PIB irá crescer em 2004, o juro real vai baixar e o câmbio real ficará sob controle. Ele espera que haja uma desvalorização do real em apenas 2,5% no próximo ano, basicamente a diferença entre a expectativa de inflação brasileira (5,5%) e a mundial (3%). O ex-ministro prevê ainda uma queda no risco Brasil, de 550 pontos-base atuais para 350 pontos ao final do ano que vem. Isso ocorreria, segundo ele, com uma melhor relação entre a dívida externa (US$ 220 bilhões), as exportações (US$ 70 bilhões) e uma diminuição na dívida mobiliária em relação ao PIB, que é de 57%, além da redução do juro. O deputado descorda de economistas que afirmam que a poupança precisa evoluir para que haja crescimento econômico. Para ele, só haverá poupança se houver crescimento da economia. PPP Delfim Netto comentou que as propostas de Parceria Público-Privada (PPP) são importantes para a volta dos investimentos em infra-estrutura, sendo que para isso é preciso que os empresários adquiram confiança nas regras. Ele acredita que o setor mais problemático será o energético, que sofre com a ausência de regras e por estar enrolado em problemas políticos.

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