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Governo pode aumentar cota de importação de trigo

Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

A cúpula do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior deixou claro hoje que a Câmara de Comércio Exterior (Camex) poderá, a partir de julho, estender o prazo ou aumentar o volume da cota da importação de trigo de países fora do Mercosul caso haja problemas de abastecimento. A adoção de uma cota de 1 milhão de toneladas com tarifa de importação zero até junho foi decidida pela Camex na semana passada e resultou principalmente nas restrições anteriores da exportação de trigo da Argentina ao Brasil. A Associação Brasileira da Indústria do trigo (Abitrigo), entretanto, havia demandado uma cota de 4 milhões de toneladas. "O Brasil dá prioridade e prefere importar o trigo da Argentina, mas a instabilidade no fornecimento levou o governo a adotar esta cota regulatória", afirmou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral. "Eventualmente, se houver problema de abastecimento de trigo, a Camex pode estender esta cota ou aumentá-la", frisou a secretária-executiva da Camex, Lytha Spíndola. Essa questão será tratada na reunião da Comissão de Monitoramento do Comércio Brasil e Argentina na quarta-feira em Buenos Aires. O tema foi incluído a pedido do governo argentino, mas será o Brasil o principal demandante. Segundo o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, o governo brasileiro vai reivindicar que a Argentina mantenha um processo contínuo e regular de registro e embarque do produto. Outro questionamento brasileiro diz respeito à escalada tarifária, ou seja, a aplicação de tarifa de exportação maior para o trigo em grãos e de alíquota menor para a farinha de trigo. Essa reunião se dará apenas nove dias antes da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Argentina. Em princípio, a idéia será eliminar pendências bilaterais que possam afetar o encontro entre Lula e a presidente Cristina Kirchner. Um destes temas será a licença não automática para a importação pela Argentina de produtos da linha branca fabricados no Brasil. Outra questão será a decisão da Argentina de renovar uma medida de salvaguarda de televisores fabricados na Zona Franca de Manaus. Além de discordar desta medida, o governo brasileiro teme que igual iniciativa possa vir a restringir o ingresso de aparelhos de TV com LCD e plasma no mercado argentino. Outro problema é os critérios adotados pela Argentina a produtos têxteis brasileiros em especial tecidos e fios de algodão. Ramalho ressaltou que estes problemas são residuais em comparação com a pauta de comércio Brasil-Argentina. Em janeiro, as exportações brasileiras para Argentina cresceram 58% e as importações de produtos da Argentina aumentaram 67,9% em relação a janeiro de 2007. O Brasil registrou saldo positivo de US$ 173 milhões. A expectativa do Ministério do Desenvolvimento é de que a corrente de comércio Brasil-Argentina atinja este ano US$ 30 bilhões. Em 2007, foi de US$ 24,8 bilhões.

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