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Governo poderá frustrar servidor, admite sindicalista da CUT

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, que deve se tornar na próxima semana o novo presidente da CUT, disse hoje que as restrições orçamentárias do governo federal serão o principal entrave para que trabalhadores das empresas e bancos estatais e da administração direta negociem reajustes salariais esse ano. Por isso, ele admitiu que os servidores públicos poderão sofrer "frustrações". "Há uma enorme expectativa das categorias com data-base no segundo semestre do ano, como bancários e petroleiros, sobre essa primeira negociação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas pode haver um descompasso entre a expectativa desses trabalhadores e a capacidade financeira do governo", disse ao participar de seminário da Confederação Nacional dos Bancários (CNB). "Se houver vontade política para valorizar o funcionalismo, há condições para conceder algum reajuste satisfatório". Debate trabalhista O sindicalista defendeu que o governo adote na área de negociação trabalhista o mesmo debate que tem marcado o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. "Entidades como a CUT devem se preparar não apenas para fazer campanhas salariais, mas para discutir, inclusive, os orçamentos da União, Estados e municípios, que é ali que se discute o futuro reajuste salarial do funcionalismo", afirmou. Com a criação do fórum de negociação, inclusive para questões salariais da iniciativa privada, Marinho entende que seriam dadas as condições para a concessão de reajustes salariais sem resultar em aumento de inflação. Choque de produção A intenção do sindicalista é de que cada negociação salarial possa ser acompanhada de um plano de expansão de produção das empresas. "Se de fato conseguirmos criar um choque de produção, a população pode controlar a inflação a partir da oferta de produtos. Os empresários ganhariam mais porque venderiam mais e não porque o preço unitário subiu", disse. Para atingir esse choque produtivo, ele entende ser necessário que trabalhadores, empresários e governo assumam responsabilidades no controle da inflação. "O governo tem que convencer alguns segmentos produtivos a planejar seu crescimento e equacionar a oferta com a demanda", afirmou. Para ele, para assumir esse papel de "indutor", o governo terá que oferecer linhas de crédito para financiar a expansão das fábricas e garantir o fornecimento de mão-de-obra qualificado. Salário x inflação "Queremos introduzir uma nova idéia no debate brasileiro sobre a inflação com o choque de oferta, porque se mantivermos o nível de produção e elevar os salários, para alguns, isso pode resultar em inflação. Entendemos, no entanto, que o salário nunca puxa inflação, mas apenas tenta recuperar perdas já sofridas", afirmou. "Temos que olhar a economia como um todo e não só sob o foco dos salários." O sindicalista disse que se Lula pretende cumprir a promessa de campanha de dobrar o valor real do salário mínimo em quatro anos de governo, a saída será fechar esse grande acordo. "O planejamento tem que acompanhar o crescimento dos salários. Isso tem que estar incluído no Plano Plurianual (PPA)", afirmou.

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