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Governo prepara nova alta de impostos e prevê arrecadar R$ 11,2 bi a mais em 2016

Entre as medidas, está a tributação de bebidas quentes, cobrança de IOF sobre operações de crédito do BNDES e revisão da desoneração de PIS/Cofins sobre PCs, smartphones e tablets

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Rachel Gamarski , Adriana Fernandes , Lorenna Rodrigues (Broadcast), Victor Martins e João Villaverde
Atualização:
Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy e do Planejamento, Nelson Barbosa, apresentam o Projeto de Lei do Orçamento 2016 Foto:

Ao anunciar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Fazenda, Joaquim Levy, detalharam medidas de elevação da carga tributária para arrecadar R$ 11,2 bilhões no próximo ano.

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Entre as medidas está a tributação de bebidas quentes, como destilados e vinhos, e a revisão do imposto de renda sobre direito de imagem. Os ministros anunciaram ainda que o governo passará a cobrar IOF sobre operações de crédito do BNDES e a revisão da desoneração do PIS/COFINS de computadores, smartphones e tablets.

O governo prevê fechar 2016 com um rombo de 30,5 bilhões nas contas públicas, ou 0,5% do PIB. O déficit da União projetado para 2016, num cenário de crescimento modesto da economia de 0,2%, considera uma receita líquida total de R$ 1,18 trilhão e uma despesa de R$ 1,21 trilhão. É a primeira vez que o Executivo entrega ao Congresso uma proposta orçamentária com previsão de fechar as contas no vermelho.

O rombo nas contas públicas será provocado pela fraca arrecadação em meio à uma economia anêmica e do fracasso do Executivo em ressuscitar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), ideia que foi abortada diante da resistência do Congresso e do empresariado.

"Não será possível cumprir nossa meta de primário de 2016", disse o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, referindo-se ao objetivo até então de gerar um superávit primário consolidado, a economia feita pelo governo para pagamento de juros da dívida pública, de 0,7% do PIB no próximo ano.

O déficit no regime geral da Previdência deve saltar a R$ 124,9 bilhões em 2016, contra resultado negativo de R$ 88,9 bilhões projetado para o atual exercício.

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Os investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o ano que vem são estimados em R$ 42,4 bilhões, dos quais R$ 15,6 bilhões no Minha Casa, Minha Vida.

Dívida. A proposta de Orçamento da União para o ano que vem prevê ainda que a dívida bruta subirá a 68,4% do PIB em 2016 e atingirá 68,8% do PIB em 2017, antes de começar a recuar no ano seguinte. Para 2015, a previsão é que a dívida bruta fique em 65,5% do PIB.

Representantes da equipe econômica vinham afirmando que a dívida bruta se estabilizaria no ano que vem e em seguida começaria a cair como percentual do PIB, contestando cálculos de economistas de que se aproximaria dos 70% do PIB.

O déficit nominal, segundo a proposta orçamentária, deve representar 7% do PIB neste ano, 5,86% em 2016 e 3,54% em 2017.

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Os dados divulgados nesta segunda-feira ampliam o risco de o Brasil perder o chamado grau de investimento. Entre as três principais agências de classificação de risco, a Standard & Poor's é a que está mais próxima disso, ao atribuir a nota mais baixa dentro dessa faixa, "BBB-", com perspectiva negativa.

O ministro do Planejamento afirmou ainda que o governo pode enfrentar o cenário de déficit primário de 2016 com propostas que precisam ser construídas com o Congresso Nacional, relacionadas a gastos obrigatórios.

"O mais importante é ter um Orçamento realista... e tomar as ações necessárias para melhorar esse Orçamento", disse Barbosa, ao ser questionado sobre o risco de o país perder o grau de investimento.

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(Com Reuters)

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