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Governo proibirá novos plantios de cana em bacia do Pantanal

Decisão pretende acabar com a pressão de grupos econômicos e políticos que solicitavam a liberação do plantio

Por e da Agência Estado
Atualização:

O governo federal proibirá o plantio de novas áreas de cana-de-açúcar e vetará projetos de usinas sucroalcooleiras na Bacia do Alto Paraguai, cujos rios são os principais alimentadores do Pantanal. O veto também valerá em outras regiões de proteção legal, como o próprio Pantanal, a Amazônia, e áreas de vegetação nativa do Cerrado. A decisão consta no Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar a ser anunciado no próximo dia 9, em Brasília (DF), e pretende acabar com a pressão de grupos econômicos e políticos que solicitavam a liberação da cana, principalmente em áreas entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul banhadas pelo Rio Paraguai.

 

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O diretor do Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Alexandre Strapasson, admitiu que "nem sempre uma questão como essa consegue agradar a todos e alguém sempre vai reclamar", mas considerou que "a questão política foi superada, pois todo o trabalho foi feito sob o aspecto técnico", completou. Strapasson revelou ainda que a polêmica sobre a região pantaneira foi resolvida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Essa questão está resolvida, o presidente definiu", explicou.

 

Além de grupos econômicos, Lula sofria a pressão do governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), cujo Estado já aprovou uma proposta de zoneamento agroecológico para a cana-de-açúcar mais branda em relação ao cultivo nas bacias do Pantanal, apesar de proibir o plantio e novos projetos dentro do bioma. A pressão contribuiu para que o zoneamento demorasse quase dois anos para ser finalizado e incluiu o tradicional embate entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

 

Em relação à região de Mato Grosso incluída dentro da Amazônia Legal, o governo federal deve liberar novas áreas cana e usinas, proibindo apenas o cultivo e novos empreendimentos em regiões do Estado que estão na bacia Amazônica. "A área do Mato Grosso foi definida a partir de critérios do IBGE, que difere do conceito de Amazônia Legal", disse Strapasson, que participou hoje do 9º Fórum Internacional do setor sucroalcooleiro, evento de abertura da Feira Internacional da Indústria Sucroalcooleira e a Feira de Negócios e Tecnologia de Agricultura da cana-de-açúcar (Fenasucro&Agrocana), que acontecem entre amanhã (1º) e sexta-feira (4), em Sertãozinho (SP).

 

O diretor do Ministério da Agricultura revelou ainda que o zoneamento, além de proibir o cultivo de cana e novos projetos de usinas em áreas de mata nativa, irá priorizar e incentivar o cultivo de cana-de-açúcar em áreas de pastagem degradam com baixa declividade, o que favorece a colheita mecanizada e sem queima e em regiões como solos e clima propícios para a lavoura.

 

O presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, ratificou que a posição da entidade é contrária a qualquer tipo de plantio e de projetos sucroalcooleiros em áreas de preservação, bem como condenou a relação entre o avanço da cultura e o desmatamento. "A indústria é absolutamente contra e defende o cultivo sustentável", concluiu.

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