
22 de julho de 2011 | 00h00
Afinal, quando o Banco Central tem que aumentar os juros para combater pressões inflacionárias, o custo da dívida fica automaticamente mais caro para o governo. O Tesouro vem conseguindo reduzir nos últimos anos a participação de papéis corrigidos pela Selic no total da dívida interna, aumentando o volume de títulos prefixados e atrelados a índice de inflação.
No primeiro semestre deste ano, a parcela desses papéis no total da dívida, que já chegou a mais de 60% no passado não muito distante, atingiu o menor patamar da história (30,91%). Mas essa redução é ainda considerada muito conservadora, com avanços lentos, mesmo nos períodos de ciclo de queda da taxa de juros.
Nos primeiros quatro anos do governo Lula, o Ministério da Fazenda chegou a divulgar como meta a tarefa de zerar as LFTs do cardápio de títulos do Tesouro. Depois, não se falou mais nisso. Agora, a equipe do ministro Guido Mantega direcionou novamente os holofotes para o assunto ao incluir a redução dos passivos corrigidos pela taxa Selic na agenda da desindexação.
A discussão está aos poucos ganhando corpo entre os economistas, que buscam soluções. Espaço para mudanças mais significativas existe. A grande janela de oportunidade já está dada até 2014. A tarefa não será fácil. Mas, por enquanto, o Ministério da Fazenda dá sinais contraditórios em relação à política. Os empréstimos sucessivos ao BNDES, que aumentam a dívida com papéis de curto prazo, é um deles.
Dar velocidade maior ou menor ao processo de redução dos passivos remunerados pela taxa Selic não está relacionada somente a ciclos econômicos e monetários. Exige também uma estratégia mais coordenada de políticas no enfrentamento do problema. A desindexação tem um custo não desprezível para o Tesouro, que também precisa estar na conta.
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