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Governo retira urgência do projeto do Fundo Soberano

Na Índia, Lula defende importância do Fundo mas se nega a dar opinião: 'Para mim, o que decidirem está ótimo'

Por Denise Madueño e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

No mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou, em visita a Nova Délhi, a importância da criação do Fundo Soberano do Brasil, o governo cedeu e aceitou retirar o regime de urgência para a votação do projeto. A manutenção da urgência estava impedindo as votações no plenário da Câmara dos Deputados, com a obstrução dos partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) contrários à criação do FSB. Com o acordo, os partidos de oposição suspenderam a obstrução e a Medida Provisória 442, que permite ao Banco Central socorrer os bancos, deverá ser votada no dia 28 de outubro, na primeira sessão após o segundo turno das eleições municipais. Questionado, na Índia, sobre a possibilidade de o Congresso Nacional retirar a proposta, Lula respondeu: "O Fundo Soberano é extremamente importante. Estou há 15 mil quilômetros de distância. Não sou líder do Congresso, não sou deputado nem senador. Como é que eu posso responder?". Lula disse que, na sua opinião, os parlamentares têm que agir para facilitar a votação das coisas que são prioritárias neste momento. "Qualquer que seja a decisão deles, para mim, tá ótimo", disse, acrescentando: "o que eu quero garantir é que o Brasil vai continuar crescendo, o mercado interno vai continuar sendo uma das molas propulsoras do nosso crescimento". Acordo Há mais de uma semana, havia tentativas de se chegar a esse acordo, mas o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), resistia a retirar a urgência do projeto que cria o Fundo. Na sessão de hoje, Fontana aceitou. "Foi a constatação de que, diante de um processo obstrutivo, não conseguiríamos votar mais que uma medida provisória por dia. Demoraríamos cinco dias de trabalho da Câmara para chegar ao projeto do Fundo. Com o acordo, poderemos votar mais matérias", disse Fontana. Para fechar ao acordo entre governo e oposição, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), assumiu o compromisso de colocar o projeto do Fundo Soberano na pauta do plenário logo após a votação da MP 442. "É um bom acordo. Se não fizéssemos esse acordo, não saberíamos quando terminaríamos de votar esses projetos", disse Chinaglia. Para permitir a votação da MP 442, outros três projetos de lei que também estavam sob regime de votação em urgência terão as votações adiadas. Esses projetos retornarão à pauta na seqüência da proposta que cria o Fundo Soberano. Os projetos em regime de urgência têm preferência de votação após as medidas provisórias que estejam trancando a pauta. A MP 442 só passará a trancar a pauta no dia 20 de novembro e, como a intenção é votá-la ainda em outubro, é necessário que todos os projetos em regime de urgência percam essa característica. Os líderes de governo e oposição e o próprio presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, consideram que as quatro medidas provisórias que estão trancando a pauta devam ser votadas ainda hoje. A intenção é realizar na próxima semana na Câmara um debate sobre a crise financeira internacional. O acordo de procedimento não significa uma votação tranqüila no futuro do projeto que cria o FSB. A oposição, contrária à proposta, deverá usar todos os mecanismos regimentais, inclusive a obstrução, para evitar a aprovação do projeto.

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