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Governo retomará concessão de água em La Paz e El Alto

A concessão, concedida à companhia belga Suez em 1997, será retomada até a semana que vem; novela se arrasta há mais de um ano

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo boliviano prepara-se para retomar, até a semana que vem, a concessão de água e esgoto nas cidades de La Paz e El Alto, concedida à companhia belga Suez em 1997. A novela se arrasta há mais de um ano, desde que milhares de habitantes de El Alto foram às ruas pedir a expulsão da multinacional, que opera na Bolívia por meio da subsidiária Águas do Illimani. Os manifestantes reclamavam do aumento das tarifas e da falta de atendimento a uma grande parcela da população. Durante as homenagens ao "outubro negro" de 2003, o presidente Evo Morales disse que vai instalar uma comissão de transição para retomar a companhia de água. Morales desculpou-se por não ter expulsado a Suez mais cedo, explicando que teve que negociar com a companhia para não perder acesso a linhas de crédito para expandir o sistema de água e esgoto. A multinacional brigava para receber os investimentos feitos e ameaçava ir a arbitragem internacional. Segundo a Agência Boliviana de Informações, órgão oficial de imprensa, Morales explicou que o governo tem US$ 5,5 milhões em caixa para investir na área de concessão da Águas do Illimani. O presidente da Bolívia agradeceu o apoio dado pelos habitantes de El Alto à nacionalização das reservas de petróleo e gás, que se tornou possível após os protestos que provocaram a morte de 64 pessoas na cidade em 2003, também conhecidos como "guerra do gás". Procurada pelo Estado, a Suez não retornou ao pedido de entrevista até o início da noite desta quarta-feira. Em sua página da internet, a companhia afirma que houve aumento no número de residências atendidas durante sua concessão e reclama que as tarifas estavam congeladas em US$ 0,22 por metro cúbico desde 2002. Estima-se que a companhia tenha investido até US$ 60 milhões. Com sérios problemas, o sistema de água e esgoto na Bolívia já provocou a expulsão da construtora norte-americana Bechtel que, em 2002, teve que deixar suas operações em Cochabamba, segunda maior cidade do país, após fortes protestos populares. Por meio da subsidiária boliviana Águas do Tunari, a Bechtel foi à arbitragem internacional contra La Paz, mas, depois de quatro anos de discussões, aceitou encerrar o caso sem ser indenizada. Nas últimas semanas, moradores de Cochabamba ameaçaram fechar as bombas que abastecem a cidade, em novos protestos contra a qualidade dos serviços, agora operados por uma empresa municipal. O objetivo do governo é repassar também o abastecimento de água de La Paz e El Alto para a administração municipal. Segundo Morales, as duas cidades precisam de investimentos de US$ 30 milhões na ampliação da rede de água e esgoto.

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