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Governo tenta mudar decisão da China sobre importação de soja

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo está tentando reverter a decisão do governo da China, anunciada na sexta-feira, de não mais aceitar certificado provisório para as exportações de soja emitido pelo país importador. O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Márcio Fortes de Almeida, disse hoje que as negociações estão sendo feitas com a embaixada da China. Mas, se até o fim desta semana não houver uma decisão favorável, Márcio de Almeida está disposto a ir a Pequim falar diretamente com as autoridades sanitárias do Ministério da Agricultura chinês. A argumentação do governo é de que o Brasil não pode emitir a certificação de que a soja exportada não é transgênica porque há risco de mistura com produto argentino nos carregamentos. Isso ocorre porque os navios que deixam o porto de Buenos Aires complementam, tradicionalmente, suas cargas no Brasil porque não há calado suficiente naquele porto. "A carga colocada no porão do navio é separada de outra apenas por uma lona, o que facilita a mistura", observa o secretário. Mas a razão principal é que o Brasil não pode fornecer esta certificação porque há plantios ilegais de soja transgênica no País, apesar de o cultivo e a comercialização de produtos geneticamente modificados serem proibidos no Brasil. As mudanças introduzidas no certificado provisório, comunicadas à embaixada brasileira em Pequim, vigorarão entre 21 de dezembro e 20 de setembro do ano que vem, quando, para continuar exportando soja para a China, o Brasil terá de emitir um certificado testando se o produto é transgênico ou não. A partir de 21 do mês que vem, mesmo este certificado provisório terá de ser expedido pelo governo do país exportador. Até agora, o documento era fornecido pelo importador, e este declarava que o produto importado poderia conter elementos geneticamente modificados. A mudança atingirá em cheio as exportações de soja da próxima safra, cujos embarques começam a partir de março de 2003. As exportações deste ano já foram realizadas. O Brasil vende, anualmente, cerca de três milhões de toneladas de soja para a China. No ano passado, essas exportações foram de US$ 537 milhões. A expectativa do governo é de que a China continue permitindo que o importador continue fornecendo o certificando provisório até setembro. Nesse meio tempo, a esperança é de que a Justiça brasileira se manifeste favoravelmente sobre o cultivo de produtos transgênicos no País.

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