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Governo tenta nesta quarta definir sobre royalties do pré-sal

Estados criticam proposta de distribuição do Governo e exigem audiência pública para determinar novas regra

Por Leonardo Goy e da Agência Estado
Atualização:

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou que o governo tentará resolver nesta quarta-feira, 26, na reunião da comissão interministerial do pré-sal marcada para a tarde, o que fará com os royalties que resultarão da produção petrolífera do pré-sal. "Existem royalties, atualmente, para o sistema de concessão. O que vamos discutir hoje é como será o sistema de partilha", disse o ministro.    

 

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Pelo atual sistema de concessões, o petróleo extraído pertence à empresa que tem a concessão para explorar determinado bloco petrolífero. Ela vende esse óleo, fica com as receitas e remunera a União por meio de impostos, royalties e a chamada Participação Especial, cobrada apenas dos campos mais produtivos. No sistema de partilha, todo óleo pertence à União e as empresas selecionadas para produzir são remuneradas a partir de uma parcela fixa da receita ou do óleo.

 

Lobão afirmou que, se o governo decidir tratar do tema na proposta de nova legislação para o setor, poderá elaborar um quarto projeto sobre o marco regulatório do petróleo, voltado apenas para os royalties, ou incluir o assunto em um dos três projetos que já decidiu encaminhar ao Congresso: o primeiro trata do sistema de partilha da produção, o segundo cria a estatal que vai administrar o pré-sal, e o terceiro cria o fundo social que receberá a maior parte dos recursos da União no processo.

 

Estados criticam proposta de distribuição dos royalties

Nos dias que antecederam a reunião interministerial do pré-sal desta quarta-feira, governadores criticaram a elaboração do projeto do marco regulatório e, principalmente, a proposta de distribuição igualitária dos royalties entre os Estados. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, afirmou ao Estado no último domingo, 23, que as novas regras do pré-sal são "um assalto" ao seu Estado. Segundo Cabral, a mudança que se cogita na distribuição da riqueza seria "um ato de brutalidade contra o Estado do Rio", já prejudicado, disse, com a mudança da capital para Brasília, a fusão entre a Guanabara e o antigo Estado do Rio e a cobrança de ICMS sobre petróleo no destino

 

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O governador de São Paulo, José Serra, engrossou o coro contra o projeto do marco regulatório e afirmou nesta última terça-feira que foi "precipitada" a determinação do modelo de exploração do pré-sal e defendeu uma audiência pública com Estados e municípios exploradores de petróleo para determinar as novas regras. "Precisamos de um processo muito debatido, numa espécie de audiência pública, não apenas com o Congresso, mas também com os governos e municípios de onde vai se extrair petróleo", disse Serra. "Eu acho que precisamos ter tempo, não há por que fazer as coisas de maneira atropelada."

 

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, defende que o dinheiro arrecadado com a exploração do pré-sal seja utilizado para aumentar os investimentos nas áreas de saúde e educação. Ele acredita que é preciso haver uma destinação mais definida desses recursos, nos estados. "Acho que podemos definir um marco novo no País, ampliando os recursos da saúde e da educação", disse. Aécio acha possível contemplar as demandas dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, que reclamam da distribuição dos royalties.

 

Lula minimiza críticas de Cabral e Hartung sobre pré-sal

Em uma conversa reservada nesta quarta-feira com seus auxiliares diretos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou as críticas dos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, à proposta de distribuição dos royalties do pré-sal. Cabral e Hartung ameaçam não comparecer à cerimônia de anúncio da proposta do marco regulatório na próxima segunda-feira, 31, por desconhecerem o conteúdo.

 

Na conversa, Lula avaliou que a reação dos dois governadores não pode ser interpretada como um rompimento político com o governo. "É natural, não fiquem nervosos. Eles (Cabral e Hartung)têm que prestar contas (à população do estado)", disse Lula, segundo relato da mesma fonte.

 

Lula avaliou também que Cabral e Hartung precisam adotar um discurso de defesa dos seus estados como gesto simbólico. O presidente foi enfático ao afirmar que a reação dos governadores não tem relação com a disputa eleitoral de 2010. "Eles estão fazendo um discurso para a oposição deles, nos estados", afirmou Lula.

 

Ministro esclarece não saber sobre novo poço seco

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Lobão esclareceu que, na verdade, ainda não tem conhecimento da nova ocorrência de poço seco na camada do pré-sal, desta vez em uma área explorada pela Petrobrás como noticiou ontem a Agência Estado.

 

Na tarde desta quarta-feira, Lobão, em resposta a repórteres que lhe perguntaram sobre o novo poço seco, havia afirmado que este não pertencia ao pré-sal. Momentos depois, porém, Lobão esclareceu que, na declaração anterior, estava se referindo a um outro poço seco - o segundo a ser noticiado -, operado pela British Gas.

 

"Então, este a que vocês se referem é um terceiro (poço seco)? Não tenho conhecimento", disse o ministro, referindo-se à notícia de ontem da Agência Estado, publicada nesta quarta-feira pelo jornal "O Estado de S.Paulo". O primeiro poço seco foi confirmado em junho; o segundo, no início de julho.

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