Publicidade

Governo terá de enfrentar vencimentos de R$ 86 bilhões

Por Agencia Estado
Atualização:

A tentativa da atual equipe econômica para diminuir a concentração de vencimentos no período de transição de governo fracassou e os pagamentos no último trimestre deste ano prometem ser uma grande pedra no sapato do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Eles terão que administrar vencimentos de R$ 86,32 bilhões em títulos, enquanto o mercado financeiro todo estará especulando quem serão os seus substitutos. "No dia seguinte às eleições, a cobrança deverá ser muito grande em relação a pontos fundamentais como a política monetária, fiscal, a relação com estados e municípios que querem renegociar suas dívidas com a União", observa a economista Sandra Utsumi, do BES Investimento. "Se essas questões forem apaziguadas, o início de 2003 será bem melhor", avalia. A forte concentração de vencimentos de títulos nos próximos três meses, foi conseqüência da crise que tomou conta do mercado financeiro já no segundo trimestre deste ano. Em janeiro, as projeções do BC eram de que, entre outubro e dezembro, estariam vencendo R$ 19,7 bilhões, menos de um quarto do valor atual. A idéia da equipe econômica era justamente evitar ter que administrar um volume muito alto de vencimentos, em um período de grande ansiedade. No entanto, a insegurança com os títulos que venciam no início de 2003 e a trapalhada feita pelo BC ao exigir que os fundos de investimento contabilizassem os seus papéis pelo valor de mercado acabaram obrigando o governo a recomprar títulos com vencimento a partir do próximo ano e substituí-los por outros com prazo no fim deste ano. "Houve um encurtamento muito forte e isso complicou o último trimestre do ano", ressalta Utsumi. Nos primeiros três meses do ano que vem, os vencimentos programados dobraram. Em janeiro, projetava-se pagamentos da ordem de R$ 15,1 bilhões entre janeiro e março de 2003. No mês passado, os cálculos do BC apontavam vencimentos de R$ 32 bilhões. O segundo trimestre será ainda pior: os vencimentos somam R$ 74 bilhões contra R$ 50 bilhões previstos anteriormente. "Ao longo do ano já se esperava que esses pagamentos previstos aumentassem por causa da rolagem de papéis que, normalmente, têm prazo mais curto. A crise financeira contribuiu para elevar o montante ainda mais", afirma o economista Júlio Callegari. Segundo ele, essa situação vai exigir do novo presidente muita habilidade para dissipar tensões num momento de grande ansiedade. "A definição rápida, por exemplo, dos substitutos de Malan e de Fraga podem aliviar esse cenário."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.