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Governo toma crédito caro e prejudica consumidor, diz Anefac

Por Agencia Estado
Atualização:

O "spread" - diferença entre a taxa de captação e empréstimo ? bancário dificilmente cairá com "bravatas", mas sim com medidas efetivas. A avaliação é de Miguel Oliveira, vice-presidente da Anefac (que reúne executivos de finanças, administração e contabilidade). "Se representantes do governo solicitarem gentilmente aos banqueiros para reduzir o lucro (ganho dos bancos), dificilmente conseguirão algum resultado", afirma. A razão é que o governo é o melhor cliente nos empréstimos ao pagar em dia e com uma remuneração atraente de juro básico nos títulos públicos (Selic) de 26,5% ao ano. Para ele, esse juro desestimula qualquer banco a correr atrás de outros clientes e por isso é que no Brasil o volume de empréstimos bancários em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) é de apenas 23,3% ante mais de 100% em países desenvolvidos. Um estudo realizado pela Anefac mostra que de cada R$ 100 de "spread" bancário, R$ 14 é utilizado pelos bancos para pagar as despesas administrativas; R$ 29 para pagar impostos (cunha fiscal). R$ 17 para cobrir a inadimplência (dinheiro que deixa de receber de insolventes) e o restante R$ 40 é lucro dos bancos. Selic em 15% é favorável ao crédito Miguel Oliveira entende que quando o juro básico dos títulos públicos baixar para 15% ao ano, os bancos terão interesse em buscar escala e rentabilidade junto a outros clientes, ampliando o volume de empréstimos para o setor privado. De acordo com estudos da Anefac, atualmente o "spread" para pessoas jurídicas é em média de 55,56% ao ano e para pessoas físicas de 136,16% ao ano. O cálculo foi realizado tomando-se em consideração uma taxa básica de captação (Selic) de 26,5% ao ano e um juro médio de empréstimos para empresas de 82,06% ao ano e de 162,66% ao ano para pessoas físicas. Segundo ele, a redução do "spread" bancário envolve mudanças culturais, como o Banco Central deixar de se omitir de controlar o juro cobrado pelos bancos. Para o consumidor, uma atitude nova é calcular os juros pagos nos empréstimos em vez de apenas verificar se a "prestação cabe no bolso". Uma economia em crescimento (e com elevação na renda da população) traria efeitos positivos também na taxa de inadimplência (perda com pagamentos em atraso por mais de 90 dias), que no caso de pessoas físicas é de 7,6% (dados disponíveis de abril de 2003) do volume de empréstimos e de 2,5% para empresas, ante 8,2% e 2,8%, respectivamente, no mesmo período do ano passado, segundo dados da Anefac.

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