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Governo usará rede elétrica para suprir gasodutos

Por SABRINA VALLE
Atualização:

O governo, a mando da presidente Dilma Rousseff, vai usar a rede de transmissão elétrica para suprir a carência de gasodutos no País e tornar viável a utilização do gás produzido em terra no Brasil, hoje uma fonte de energia pouco competitiva e com potencial desperdiçado. A ideia, encampada pela Petrobras, é transformar o gás em energia elétrica ao lado do poço de produção, usando posteriormente a rede de linhas de transmissão para escoá-la. A estratégia replicaria a nova e bem-sucedida experiência da OGX/MPX no Maranhão."É um modelo mais barato que o de gasodutos. Hoje, já é uma necessidade. O gás só tem viabilidade comercial se puder ser monetizado", disse o superintendente de Planejamento, Pesquisa e Estatística da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Elias Ramos de Souza.A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, revelou que a agência vai mapear as linhas de transmissão do País e apresentar o estudo ao mercado antes do leilão de áreas voltadas à exploração de gás em terra, em outubro. Gasodutos são investimentos caros, viáveis para grandes volumes. Já as térmicas podem servir à produção em menor escala, abrindo espaço para que depois seja expandida. "Foi uma ideia da presidente Dilma", destacou.A Petrobras montou um programa de produção de gás onshore (Prongas) com uma equipe dedicada a estudar o potencial de gás das bacias brasileiras. A presidente da companhia, Graça Foster, antecipou que blocos próximos à rede elétrica estão na mira da companhia. Outras empresas também estudam ativamente a malha de transmissão elétrica, segundo uma fonte do governo."O objetivo desse gás em terra é para geração de energia elétrica. Acreditamos que possamos repetir um projeto, muito conhecido no mundo, de produzir o gás e transformá-lo em energia elétrica ''na boca do poço'', injetando esses elétrons nas linhas de transmissão sem precisar de gasodutos", disse Graça, após evento para detalhamento do plano de negócios da companhia.A ideia ganhou força depois que a ANP marcou para este ano três aguardados leilões de áreas exploratórias, após cinco anos sem rodadas. Um acontecerá daqui a um mês, com 123 blocos em terra (também serão licitadas 166 áreas marítimas), parte com potencial para gás. O de outubro será voltado para o gás em terra, num esforço do governo para descentralizar os investimentos no País na área de óleo e gás. As áreas ainda não estão escolhidas. O terceiro leilão será em novembro, o primeiro do pré-sal.Magda não descarta que o potencial de gás ainda inexplorado no País possa superar os 50 bilhões de barris de óleo equivalente do pré-sal. Segundo a fonte do governo, a malha de gasodutos do País também será expandida, especialmente em Minas Gerais e no recôncavo baiano, regiões que concentram produção terrestre.Hoje, apenas 16% da produção nacional de gás vêm de terra, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME). Dois terços da demanda total de quase 60 milhões de metros cúbicos/dia de gás são consumidos pela indústria. É uma fonte usada para produção de cerâmica, vidro e outros produtos com alto consumo energético. "Essas áreas não estão concedidas a nós, mas estamos fazendo um trabalho muito forte de estudo dessas bacias sedimentares. Queremos voltar para o negócio de geração de energia elétrica em bases competitivas e sustentáveis", disse Graça. Outra opção para transformar em negócio o gás é criar centros consumidores perto da região produtora, como a unidade de fertilizantes nitrogenados que a Petrobras constrói em Três Lagoas (MS).Magda lembra que a OGX está produzindo na bacia do Parnaíba volume insuficiente para garantir a construção de um gasoduto. A companhia, depois de achar o gás, firmou contratos de fornecimento de energia e montou a termelétrica da MPX ao lado do poço. Com isso, disse, viabilizou a produção e agora tem condições de expandi-la. A ANP pretende ofertar áreas na mesma região.Uma fonte do governo dá os números que justificam o negócio. O gás natural líquido é importado a cerca de US$ 15 por milhão de BTU. Chega pelo gasoduto da Bolívia entre US$ 10 e US$ 11 por milhão de BTUs. Já a OGX vendeu para a MPX o gás entre US$ 5 e US$ 6, de acordo com a fonte.

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