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Governo vai incentivar energia solar

Ministério de Minas e Energia vai apresentar neste mês estudo sobre uso da tecnologia para aquecer água

Por Nicola Pamplona
Atualização:

O governo federal quer incentivar o uso de energia solar para aquecer água em imóveis residenciais e comerciais no País. A medida segue linha já adotada pela Prefeitura de São Paulo, que determinou o uso da tecnologia para novos empreendimentos imobiliários na cidade. O Brasil aparece na literatura técnica como mau exemplo no uso intensivo de eletricidade para o aquecimento de água. "O chuveiro elétrico é o grande vilão do setor energético brasileiro", diz o pesquisador Ari Vaz Pinto, do Centro de Pesquisas em Energia Elétrica (Cepel). Especialistas advertem, porém, que a energia solar ainda está longe de substituir grandes fontes geradoras mais poluentes, como defendem organizações de defesa do meio ambiente. Em médio prazo, a tecnologia deverá se restringir ao aquecimento de água e à eletrificação de pontos isolados do País, diz o pesquisador. Tanto que a energia solar nem é citada como alternativa relevante no Plano Nacional de Energia (PNE) 2030, divulgado este ano pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Segundo o Ministério de Minas e Energia, estudo feito por uma consultoria externa sobre o programa de incentivo ao aquecimento de água será apresentado ainda neste mês. O projeto é uma parceria com o Ministério de Meio Ambiente. O governo quer estudar modelos adotados em outros países para buscar a melhor maneira de incentivar a difusão dos aquecedores de água a energia solar. Apesar de demandarem alto investimento inicial, os painéis solares garantem enorme economia para o setor elétrico, aponta o pesquisador Sérgio Colle, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro do membro da Sociedade Internacional de Energia Solar (ISES, na sigla em inglês). Segundo ele, cada chuveiro substituído por aquecedor solar representa economia de US$ 300 ao sistema de energia. Isso porque no horário de ponte, no início da noite, distribuidoras precisam investir muito para que mais energia chegue aos consumidores, mesmo que, na maior parte do dia, a rede opere com volumes bem inferiores. Colle calcula que o sistema reserva energia equivalente a um quarto da usina de Itaipu apenas para atender aos chuveiros elétricos. Mas substituir a energia hidrelétrica pela solar "não tem cabimento", para Ari Vaz Pinto. Segundo ele, o custo de geração por painel solar é deUS$ 7 mil por kilowatt (kW) de potência, mais de sete vezes o custo da energia hídrica. Mais otimista, Colle calcula que o custo pode ser a metade disso e acredita que, chegando aos US$ 2 mil por kW instalado, a tecnologia se torna viável.

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