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GP vende BR Towers por R$ 2,18 bilhões

Empresa criada há um ano e nove meses para gerir torres de telefonia no País foi adquirida pela americana American Tower

Por Marina Gazzoni
Atualização:

Criada há apenas um ano e nove meses pela gestora GP Investments, a BR Towers foi 100% vendida por R$ 2,18 bilhões para a concorrente American Tower, companhia americana presente no Brasil há 14 anos. Com a aquisição, a American Tower se torna líder no setor de construção e locação de torres para telefonia no País, com 11 mil antenas sob gestão - o que faz do mercado brasileiro o terceiro maior da multinacional, atrás de EUA e Índia. O controlador da BR Towers, o fundo GPCPV vai receber US$250 milhões por sua fatia de 41% na empresa, um retorno de 2,8 vezes sobre o capital investido, em dólares. Os demais acionistas são um coinvestidor da GP, dono de 18,5%, cujo nome não foi divulgado, um fundo de private equity do Bradesco e os antigos donos da Sitesharing, empresa do setor comprada em fevereiro de 2013 pela BR Towers. As fatias do Bradesco e da Sitesharing não foram reveladas. A BR Towers nasceu com a compra de 2 mil torres da Telefônica/Vivo em setembro de 2012. A criação da empresa, hoje com 4,3 mil torres no País, foi uma aposta da GP no desenvolvimento do mercado brasileiro de gestão independente de infraestrutura para telefonia. Nesse formato, as chamadas "towers companies" constroem ou compram antenas para alugar para as operadoras de telefonia. O negócio já é desenvolvido no exterior, mas ainda está engatinhando no Brasil. Nos EUA, as "tower companies", entre elas a própria American Tower, com 68 mil torres no mundo, são donas de metade das antenas do país. Já no Brasil, cerca de 15% das 50 mil torres existentes estão nas mãos dessas empresas, segundo estimativas do início de 2013. Esse cenário começou a mudar fortemente nos últimos dois anos. Endividadas e pressionadas a reforçar os investimentos para melhorar sua cobertura de banda larga e voz, as operadoras passaram a vender antenas para fazer caixa. Com isso, a BR Towers, que planejava crescer organicamente construindo cerca de 500 torres por ano, acelerou seus planos e partiu para as aquisições. No ano passado, a gestora contratou os bancos Bradesco e Deutsche Bank para encontrar opções de capitalização e foi aconselhada a vender o negócio a uma multinacional do setor, o que seria mais rentável do que disputar as torres com elas. As concorrentes estrangeiras têm acesso a capital mais barato lá fora e estão dispostas a pagar mais pelas torres à venda. A SBA, por exemplo, pagou R$ 1,5 bilhão por 2007 torres da Oi em dezembro passado. "Em geral, não vendemos uma empresa tão rápido. O normal para um fundo é ficar com ela na carteira por cinco a seis anos", disse Antonio Bonchristiano, copresidente da GP Investments. Vende-se. A venda da BR Towers é a segunda negociação bilionária anunciada pela GP em menos de dez dias. Há uma semana, a empresa comunicou a venda da Sascar, de rastreamento de frotas, para a francesa Michelin por R$ 1,6 bilhão. "Não estamos em temporada de vendas. Foram duas ótimas oportunidades. Foi coincidência", disse Bonchristiano. Os dois negócios trouxeram retornos acima de 2,5 vezes o capital investido. A GP, no entanto, ainda tem na carteira ativos complicados, como a San Antonio, de óleo e gás, a LBR, de lácteos, e a Magnesita, de refratários. Segundo Bonchristiano, é necessário "criatividade" para transformar negócios difíceis em bons investimentos. O sucesso ou fracasso, diz, só é definido na hora da venda.

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