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Gradiente volta ao mercado após 5 anos

Empresa, que chegou a deter 15% do mercado de áudio e vídeo no País, renegociou a dívida e ganhou novos sócios, como a Petros e a Funcef

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Por Márcia De Chiara
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Depois de quatro anos fora do mercado, a quase cinquentenária marca nacional de eletroeletrônicos Gradiente planeja voltar para o varejo no último trimestre deste ano."No começo parecia tarefa difícil, e durante, também", disse ontem Eugênio Staub, de 70 anos de idade, o fundador da companhia que se encontra em recuperação extrajudicial desde 2006, ao anunciar a conclusão do processo de reestruturação da empresa e de renegociação das dívidas. Entre bancos, fornecedores e fisco, a empresa contabiliza atualmente um passivo de R$ 520 milhões.A antiga Gradiente, que detinha cerca de 15% do mercado brasileiro de áudio e vídeo há cinco anos, quando entrou em crise financeira, reaparece repaginada no País. Agora, a empresa é formada por quatro investidores - três ligados a empresas públicas e um parceiro privado -, sob a denominação CBTD.O negócio recebeu aportes da Agência de Fomento do Estado do Amazonas, da Petros (fundo de pensão dos empregados da Petrobrás), da Funcef (fundo de previdência dos funcionários da Caixa) e da empresa americana Jabil, fabricante de eletroeletrônicos. A Jabil está no País desde 2001, produzindo para outras marcas do setor.Juntos, os quatro investidores vão aplicar R$ 68 milhões na companhia, com aporte de R$ 17 milhões cada. Com isso, ficarão com 60% da CBTD. Os 40% restantes, de acordo com Staub, presidente do conselho de administração da nova empresa, ficarão divididos entre a família Staub, controladora da antiga Gradiente, e os cerca de 2 mil acionistas minoritários.Eugênio Staub Filho, um dos negociadores da reestruturação e membro do conselho da nova empresa, explicou que a família Staub e os minoritários entraram no negócio sem aporte de capital. A contribuição foi o arrendamento da marca, avaliada em US$ 223 milhões, da fábrica e de outros ativos por nove anos para a nova companhia. A receita do novo negócio será usada para quitar dívidas, também renegociadas por nove anos.No vermelhoR$ 520 mié o valor total das dívidas que a Gradiente ainda precisa pagar para fornecedores, bancos e ao FiscoPARA LEMBRAREmpresa parou de produzir em 2007Os últimos anos não foram fáceis para a Gradiente, que mergulhou numa crise profunda há cinco anos e foi obrigada a interromper a produção de aparelhos de áudio e vídeo em sua fábrica de Manaus, em 2007.No mesmo ano, o fundador Eugênio Staub deixou a presidência e foi substituído pelo executivo Nelson Bastos, que tinha a missão de tornar a empresa lucrativa. Sem sucesso, Bastos foi destituído do cargo e Staub voltou à presidência em maio de 2008, decidindo conduzir o processo de reestruturação e renegociação das dívidas.Assessorado pelo Bradesco BBI, pelo consultor George Schulhof e pelos escritórios de advocacia Souza, Cescon, Barrieu & Flesch e Renato Mange, a reestruturação se arrastou por vários anos. Entre renegociação das dívidas e a formação da nova estrutura societária, foram fechados 14 contratos.Nesse meio de tempo, várias hipóteses foram cogitadas para reerguer a empresa. Uma delas foi a entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como financiador dos credores. Depois de muita demora, o BNDES disse que operação de salvamento da Gradiente não fazia parte do objetivo do banco. Também circularam informações de que empresas chinesas estavam estado interessadas na Gradiente - o que também não se confirmou.

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