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Grandes colheitas podem reduzir preços no 2º semestre

Analistas esperam que 2008 seja um ano de consolidação dos estoques mundiais, que tiveram quedas expressivas

Por Deise Vieira e da Agência Estado
Atualização:

Os preços dos grãos podem cair na segunda metade do ano, já que importantes países exportadores, como Estados Unidos, Brasil, Austrália e Canadá devem ter grandes colheitas. A maioria dos analistas espera que 2008 seja um ano de consolidação dos estoques mundiais, que em alguns casos diminuíram para os menores níveis em décadas.   Veja também:   Safra de grãos deve bater recorde no País este ano Especial: Entenda a crise dos alimentos    Estoques elevados de grãos funcionam como um regulador contra problemas que prejudicam a oferta de alguns países e evitam que as cotações subam muito.   A alta expressiva dos preços do trigo, óleos comestíveis e arroz desde 2007 impulsionou a inflação dos preços dos alimentos no mundo, gerando protestos e agitações sociais em países em desenvolvimento.   O plantio e a colheita de importantes safras de grãos no mundo podem acalmar os preços até o fim do ano, mas não deve haver uma retração completa das cotações para os níveis de 2004 ou 2005. Analistas apostam principalmente em um aumento da área de trigo e de soja nos EUA - maior produtor global de trigo, milho e soja - para que os preços dos alimentos recuem no final do ano.   A cotação do trigo, por exemplo, pode ter um bom recuo em 2008. Importantes produtores, como Canadá, EUA e Austrália, além de países europeus como Reino Unido, França e Rússia, devem colher grandes safras.   A soja também deve ter aumento na área global, já que seus preços elevados em 2007 incentivam produtores a plantarem mais. De acordo com o USDA, a área da oleaginosa pode avançar 18% no ano nos EUA, para 74,8 milhões de acres.   O Brasil irá exportar 27,3 milhões de toneladas de soja em 2008/09 (outubro-setembro), alta de 14% no ano, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Já a produção na Argentina deve ficar perto do nível do ano passado, em 47 milhões a 47,5 milhões de toneladas.   Enquanto os preços do trigo e da soja vêm perdendo força nos últimos meses na expectativa de grandes plantios, os preços do arroz continuam avançando de forma implacável. No entanto, traders da Tailândia, maior exportador da commodity, afirmam que as cotações podem recuar nos próximos dois trimestres com o aumento da oferta na Ásia.   Desde o começo do ano, os preços do arroz mais que dobraram, com o preço de arroz para exportação na Tailândia atualmente em US$ 900/t na base free on board. "Os preços de exportação devem começar a cair no fim do segundo trimestre, já que novas safras de arroz serão colhidas na Tailândia, Indonésia e Filipinas", afirmou Chookiat Ophaswongse, presidente da Associação de Exportadores de Arroz da Tailândia.   Em abril, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estimou uma alta de 12 milhões de toneladas, ou 1,8%, na produção mundial de arroz em 2008, para 661,3 milhões de toneladas.   Já os preços do milho podem disparar para máximas sem precedentes, pois a área deve diminuir nos Estados Unidos, maior produtor e exportador mundial do cereal. O USDA projetou uma queda de 8% na área este ano em conseqüência dos custos elevados de insumos como fertilizantes e combustível e dos preços atrativos de culturas alternativas, como soja e trigo.   Clima   Outro importante fator afetando os preços dos alimentos é o clima. As estimativas de área e de colheitas abundantes dependerão do comportamento do clima.   Um verão seco nos EUA devido ao fenômeno climático La Niña, seca na Austrália ou poucas chuvas de monção na Índia são cenários plausíveis que poderiam rapidamente arruinar a tendência de queda nos preços dos grãos.   Segundo analistas, os preços altos dos combustíveis também podem modificar as expectativas, já que fábricas de biocombustíveis estão consumindo proporções muito grandes de óleo de soja, milho e óleo de palma para produzir biodiesel e etanol, o que pressionaria os preços dos alimentos e da ração. As informações são da Dow Jones.

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