PUBLICIDADE

Grécia deve fechar acordo de coalizão nesta terça-feira

Governo de Samaras, de maioria de direita, terá a participação do Partido Socialista e possivelmente da Esquerda Democrática; há temor de nova falta de recursos

Por Andrei Netto
Atualização:

ATENAS - Vencedor das eleições legislativas de domingo na Grécia, o líder do partido conservador Nova Democracia, Antonis Samaras, deve anunciar nesta terça-feira a formação de um governo de coalizão, encerrando a crise política que já durava mais de 40 dias. O acordo deve ser firmado com o Partido Socialista (Pasok) e também com a Esquerda Democrática (ED), criando uma maioria de 191 cadeiras no Parlamento, 40 acima do mínimo necessário para governar. Mesmo com a formação de um governo pró-austeridade, porém, os mercados financeiros temem a iminência de uma crise de liquidez no país.

PUBLICIDADE

A aliança é necessária porque nenhum dos partidos alcançou a maioria de 151 cadeiras no pleito realizado domingo, o segundo desde 6 de maio. Com 29,66% dos votos, a Nova Democracia de Samaras elegeu 128 deputados, à frente da Coalizão de Esquerda Radical, Syriza, de Alexis Tsipras, que reuniu 26,79% do eleitorado, formando uma bancada de oposição de 71 eleitos.

Ontem, o presidente da Grécia, Karolos Papoulias, pediu urgência aos partidos envolvidos nas tratativas. "Há um imperativo categórico de formar um governo desde esta segunda-feira", exortou o chefe de Estado.

Samaras iniciou a negociação de alianças políticas encontrando-se com o líder do Pasok, o ex-ministro da Economia Evangelos Venizelos. Ex-maior partido do país, os socialistas alcançaram apenas 12,28%, elegendo 33 deputados. Juntos, os dois partidos teriam 161 parlamentares, 10 acima do mínimo. Ainda assim, o futuro primeiro-ministro procurou líderes da Esquerda Democrática, dissidente do PS, para que o partido também participe da coalizão, como o Estado antecipou no domingo. Contrários à política de austeridade, os líderes do partido de direita Gregos Independentes, dissidente do ND, também foram procurados.

Apesar da expectativa que ainda paira, Samaras não conseguiu concluir o acordo de aliança ontem e confirmou que "as tratativas continuarão nesta terça-feira para formar um governo de salvação nacional". Segundo Venizelos, a celebração da aliança é questão de tempo. "O país precisa imediatamente de um governo e as negociações devem ser concluídas até amanhã", disse ele.

Costa Mousouroulis, deputado do Nova Democracia, confirmou ao Estado que a coalizão deve ser firmada nas próximas horas. "Estou certo de que teremos um governo desta vez", disse o parlamentar, que apostou em uma coalizão de três partidos, "se não houver mais". "A partir de então vamos enfrentar juntos os problemas de governança do país", garantiu.

Enquanto Samaras desata o nó político evitando mencionar a palavra "austeridade", a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, voltou à carga ontem. A chefe de governo insistiu que o novo gabinete deverá cumprir os compromissos assumidos em troca do segundo plano de socorro, de € 130 bilhões, concedido em fevereiro. "O governo grego deve botar em curso seus engajamentos", disse ela, descartando um terceiro plano de resgate, que seria a renegociação dos anteriores.

Publicidade

Sinais de que as divergências continuam acentuadas na zona do euro, os rumores sobre a renegociação dos auxílios a Atenas continuaram a crescer em Bruxelas, Paris e Berlim. Uma das hipóteses é de que o prazo até 2014 dado para que os cortes orçamentários de € 11,7 bilhões sejam feitos poderia ser alongado até 2016. Consultados sobre o tema, José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, e Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, limitaram-se a afirmar que "continuarão a apoiar a Grécia como membro da família do euro".

A insegurança crônica em relação à capacidade de Atenas de sanear suas finanças causou novos altos e baixos nos mercados financeiros ao longo do dia. Ao final do pregão, o índice ASE da bolsa grega fechou com ganho de 3,64%. Ainda assim, Mario Monti, primeiro-ministro da Itália, afirmou que "os mercados não estão convencidos que os resultados das eleições na Grécia encerram os problemas da zona do euro".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.