A Grécia alertou seus credores que ficará sem dinheiro a partir do dia 9, fazendo um apelo por mais empréstimos antes das reformas que devem ser aprovadas, mas o pedido foi rejeitado, disseram autoridades da zona do euro.
O apelo foi feito em uma teleconferência de vice-ministros da Fazenda da zona do euro na quarta-feira, organizada para avaliar quão longe o país ainda estava de cumprir as condições para a liberação de um novo socorro financeiro.
O pedido da Grécia ecoou as palavras do ministro grego do Interior, Nikos Voutsis, que na quarta-feira disse que o país teria de escolher entre pagar 450 milhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ou pagar salários e pensões. Ele afirmou que a escolha seria pela última opção.
Mais tarde, um porta-voz do governo negou que a Grécia não cumpriria o prazo de pagamento ao FMI. Mas a escolha que Atenas disse que enfrentaria foi repetida na teleconferência com os credores.
O governo da Grécia pode obter até 7,2 bilhões em novos empréstimos da zona do euro e do FMI se implementar reformas que o governo anterior acordou como condição para o desembolso.
O novo governo, no entanto, não quer adotar a maioria dessas medidas porque elas vão contra a promessa de campanha de encerrar as políticas de consolidação orçamentária. O governo está negociando uma nova lista de medidas para satisfazer os dois lados.
O representante grego na teleconferência disse que um acordo sobre reformas não deveria ser um "post mortem" para o país, já que "não há como irmos além do dia 9". Ainda na teleconferência, outros representantes da zona do euro, incluindo da Alemanha, reiteraram que para a Grécia receber o restante do pacote de resgate de 240 bilhões, Atenas teria de concordar com as reformas e implementá-las, e que não haveria chance de os fundos serem liberados em 9 de abril.
Os representantes da zona do euro enfatizaram à Grécia que o país pode administrar sua liquidez recorrendo a fundos de várias entidades do governo geral e das estatais, mesmo que tenha de aprovar leis específicas para fazê-lo.
Lista de reformas.
Na quarta-feira, o governo de Alexis Tsipras submeteu a credores internacionais um novo plano de reformas que inclui medidas para elevação de impostos e novos gastos.
O ministro de Finanças da França, Michel Sapin, disse que a proposta de reformas apresentada pela Grécia melhorou, mas pode ir além. "A lista é melhor que a da última vez", disse Sapin, durante coletiva na França. "A questão é 'eles podem ir além'? A resposta é sim, eles ainda podem ir além", completou.
Sapin afirmou, porém, que todos os negociadores envolvidos trabalham com a hipótese de a Grécia permanecer na zona do euro. Segundo o ministro, uma eventual saída de Atenas teria sérias consequências econômicas na Europa e representaria também um fracasso político para o bloco, cuja vocação é expandir, não contrair.
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