30 de março de 2010 | 00h00
Paul Donovan
Economista global do banco suíço UBS
Há um risco significativo de a Grécia dar um calote em sua dívida soberana no horizonte de quatro a cinco anos. O país tornará a enfrentar "desafios enormes" até lá, causados pela ineficiência e falta de competitividade de sua economia. As ponderações são do economista global do banco suíço UBS, Paul Donovan, nesta entrevista à Agência Estado, de seu escritório em Londres.
O sr. tem dito que a Grécia dará o calote em algum momento. Sua opinião mudou depois do acordo da União Europeia (UE) com o FMI?
Não houve nunca esse risco no médio prazo, pois os efeitos de um contágio agora seriam muito importantes. A UE proveria alguma solução, como foi feito, para evitar o calote no curto prazo. Mas a Grécia tem desafios enormes. Sua economia continua ineficiente e não é competitiva, o que eleva o risco - significativo - de calote no horizonte de quatro a cinco anos.
A emissão de títulos será suficiente para honrar suas obrigações em abril e maio?
Certamente, precisará de mais emissões. Há diversas estimativas sobre o quanto será necessário, mas o montante que está vencendo está entre ? 16 bilhões e ? 25 bilhões. A emissão de hoje é satisfatória, mas é o primeiro passo para o que será necessário levantar ao longo dos próximos dois meses.
O que acha do acordo entre UE e FMI para ajudar a Grécia? O que isso significa para o euro?
No curto prazo, é uma boa notícia, pois permitiu uma solução para o problema imediato. Mas é má notícia para a zona do euro no longo prazo. Esse é um dos primeiros desafios importantes que o euro enfrenta e a Europa foi incapaz de resolver sozinha. Causa preocupação que precise buscar ajuda de fora para um problema tão pequeno como a Grécia. O grande problema da Europa é que o euro não funciona. Não tem uma boa estrutura econômica, que precisa ser reformada no médio prazo.
O que pode ser feito?
Há três soluções. A primeira é a união fiscal, onde as partes que crescem mais rapidamente transferem receita para as mais lentas. A segunda é flexibilizar mais o emprego, o que significa que partes da economia que não são competitivas aceitariam salários reais menores em termos relativos com o objetivo de recuperar competitividade. A terceira é dar mais mobilidade ao emprego, de forma que os desempregados em uma parte da UE se mudem para encontrar trabalho em outra.
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