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Grécia voltou a ter casos de malária

Seis anos de recessão atingiram a saúde pública

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Por Redação
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Na Grécia, seis anos de recessão e de cortes nos gastos públicos não apenas deixaram uma população humilhada, mas também mais doente. A malária, que havia desaparecido há 40 anos, voltou. O número de casos de aids e de tuberculose explodiu e a mortalidade infantil aumentou. Os dados foram publicados em 2014 pela revista médica The Lancet, uma das principais referências em termos de saúde no mundo. Para os autores do informe, o que ocorre na Grécia é uma "tragédia pública". Os gregos são informados desde meados de 2014 de que, cada vez mais, a economia caminha para uma direção favorável e que, neste ano, o crescimento será recuperado. Mas o documento produzido pela Universidade de Cambridge revelou que houve alta no número de demandas de atendimento no setor público, justamente quando os cortes foram mais profundos.

Faixa diante do Parlamento pede mais recursos Foto: Yorgos Karahalis/Reuters

Os problemas psiquiátricos explodiram e casos de depressão quase triplicaram de 2008 a 2013. Entre 2010 e 2012, o número de pessoas procurando atendimento aumentou em 120%, no mesmo momento em que houve um corte de recursos de 70% para o setor. No mesmo período, os suicídios avançaram em 45%. A aids também registrou forte progressão. Em 2009, apenas 15 novos casos foram registrados oficialmente no país. Em 2012, eles eram 484. Para os pesquisadores, isso foi resultado da interrupção do governo na distribuição de preservativos e seringas descartáveis. A incidência de tuberculose entre usuários de drogas mais que dobrou em 2013 e, sem dinheiro para programas de prevenção e de spray, a Grécia viu a volta do mosquito da malária. O último caso da doença havia sido registrado nos anos 70. A mortalidade infantil, que vinha sofrendo queda constante desde os anos 1950, voltou a aumentar em 43% entre 2008 e 2010. A Lancet aponta ainda que o número de crianças que nasceram mortas aumentou em 21% entre 2008 e 2011. O motivo: o acesso cada vez mais reduzido a programas de pré-natal. Os seis anos de recessão ainda fizeram o número de pessoas sem programas privados de seguro-saúde aumentar de 500 mil em 2008 para 2,3 milhões no início de 2014. Enquanto isso, o orçamento público para os hospitais caiu 26% e o dinheiro usado para distribuir remédios foi cortado de 4,3 bilhões em 2010 para 2 bilhões em 2014, a pedido do FMI e da UE.

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