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Greenspan: ''''Bolha vai continuar''''

Para ex-presidente do Fed, risco não ameaça só os EUA

Por Nalu Fernandes
Atualização:

A bolha nos preços dos imóveis deve continuar e não apenas nos Estados Unidos. A previsão é do ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Alan Greenspan, que participou ontem da quarta edição do World Business Forum 2007, no Radio City Music Hall, em Manhattan. Segundo Greenspan, os bancos centrais não têm controle sobre os juros de longo prazo, o que deve continuar alimentando bolhas. Um outro fator que afeta o nível dos juros de longo prazo é o tamanho dos déficits nos EUA. No futuro, ''''as bases dos déficits nos EUA vão se mostrar um grande problema''''. ''''E nós não temos mais os baby boomers'''', afirmou Greenspan em referência à geração nascida depois da Segunda Guerra. ''''Quanto mais adiarmos (o gerenciamento dos déficits), mais difícil será a solução'''', completou. Em relação aos imóveis, Greenspan também citou problema com as taxas de hipotecas, exatamente pelo fato de os BCs, incluindo o Fed, não conseguirem controlar o fim da curva de juros, controlada em grande medida pelos participantes do mercado. Greenspan vê um ciclo que se auto-alimenta. ''''A queda dos preços dos imóveis vai reduzir o juro de longo prazo para baixo em todo o mundo'''', pondera. ''''E, por termos perdido o controle do fim da curva de juros, a bolha de imóveis vai continuar.'''' AVANÇO CHINÊS Não é crível que a China possa continuar crescendo nos próximos cinco a dez anos ao ritmo visto recentemente, afirma Greenspan. ''''Em algum ponto, a China terá de desacelerar.'''' O ex-presidente do Fed reconhece que o progresso do país ''''tem sido notável, pois tem seguido tão bem por tanto tempo''''. Falando a uma platéia de cerca de 5 mil executivos, Greenspan observou que a China tem construído reservas internacionais para permitir rápida taxa de crescimento por meio do estímulo derivado do câmbio. Segundo ele, a China terá ''''consideráveis problemas, pois as reservas não estão sendo totalmente esterilizadas''''. Em relação à onda mais recente de instabilidade nos mercados e à quase imunidade de grande parte dos emergentes nesse período, Greenspan pondera que, no futuro, é possível haver um maior papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) nas crises. Atualmente, o ex-presidente do Fed reconhece que os países conseguem acesso aos mercados de capital e não precisam do FMI.

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