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Gregos negam e se revoltam com reportagem sobre venda de ilhas

Jornal britânico disse que gregos estariam vendendo ilhas para pagar dívida; governo grego se sentiu insultado

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Por Redação
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O porta-voz do governo grego, George Petalotis, desmentiu que o Estado queira vender algumas de suas seis mil ilhas para pagar sua dívida, como informava ontem a imprensa britânica. "Trata-se de uma completa falta de exatidão, fora da realidade e, até mesmo, um insulto", disse Petalotis em carta enviada ao jornal The Guardian, que publicou um artigo sobre o assunto.A reportagem afirma que a Grécia vende suas terras por causa da "incapacidade de o Estado desenvolver a infraestrutura básica ou vigiar a maioria de suas ilhas".O porta-voz destacou que "a compra e venda de ilhas gregas privadas não é nada novo nem é notícia, tanto na Grécia como em qualquer outro lugar", após confirmar que a de Nafsika, no Jônico, está à venda há muito tempo. Nafsika é uma ilha de propriedade privada e, segundo a imprensa grega, seu preço é de 15 milhões.Petalotis também desmentiu o fato de o governo negociar com empresários chineses e russos a venda de terras na ilha grega de Rodas. A Grécia conta com mais de seis mil ilhas e ilhotas, mas apenas 227 estão habitadas.O jornal The Guardian também se referiu à venda de terras na Ilha de Mikonos, cuja parte supostamente à venda "pertence ao Estado grego". Essa venda foi rejeitada pelo Conselho Municipal da Prefeitura de Mikonos, que se referiu à eventual operação como uma "grande mentira".O primeiro-ministro grego, Georges Papandreou, declarou ontem perante o Parlamento que já respondeu negativamente sobre a venda de terrenos nacionais durante sua visita à chanceler alemã, Angela Merkel.Em março, durante visita a Berlim, quando buscava apoio europeu para sanear dívidas, Papandreou disse que "as ilhas são livres e estão sob soberania estatal". Acrescentou então que, mesmo se a Grécia vendesse suas ilhas, "seria um ganho provisório" e que haveria métodos mais eficazes para cancelar a dívida soberana. Alemães. Na época, eram os alemães que pressionavam pelas vendas. Dois políticos, Josef Schlarmann, do Partido Cristão Democrata - o mesmo da chanceler Angela Merkel -, e Frank Schaeffer, especialista em política financeira do Partido Liberal Democrata, afirmaram ao jornal Bild que a Grécia deveria pensar na hipótese de vender terras, monumentos e obras de arte para saldar as dívidas.Os gregos reagiram com revolta à proposta. Muitos foram a público para se queixar. Em entrevista à ARD TV, o vice-chanceler da Grécia, Dimitris Droutsas, disse: "Ouvi também a sugestão de que deveríamos vender a Acrópole. Sugestões desse tipo são inadequadas num momento como este". "O que me revolta não são tanto as medidas de austeridade, mas os alemães", teria dito um ex-funcionário público, a uma rádio. "A sugestão de venda me deixou tão irado que agora estou boicotando todos os produtos alemães." / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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