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Gregos voltam a enfrentar a polícia em protesto contra a austeridade

Choques, que incluíram coquetéis molotov e bombas de gás, aconteceram durante manifestação na Praça Syntagma, durante greve geral  

Por Andrei Netto e correspondente
Atualização:

PARIS - Um dia depois dos espanhóis, os gregos voltaram às ruas para enfrentar a polícia ontem, em Atenas, na primeira greve geral contra a política de austeridade do primeiro-ministro Antonis Samaras. Os choques envolveram bombas de gás, de um lado, e coquetéis molotov, de outro, e aconteceram na Praça Syntagma, a principal da cidade, tomada por ao menos 30 mil manifestantes. Alheio aos protestos, o governo planeja um novo pacote de medidas de rigor no valor de € 11,5 bilhões.

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A mobilização de ontem foi convocada por sindicatos e partidos políticos de oposição e também aconteceu em Salonica, segunda maior cidade do país. Em Atenas, a greve causou desde cedo paralisações do transporte aéreo e marítimo, do comércio e de serviços públicos, inclusive de hospitais. Os manifestantes se concentraram pela manhã na praça central, em frente ao parlamento, entoando gritos contra a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), cujos técnicos formam a "troica", que monitora a aplicação do programa de rigor no país. "Não nos curvemos à troica", dizia um dos cantos.

Embora os sindicatos ressaltassem o caráter pacífico da manifestação, no início da tarde a Praça Syntagma já havia se transformado em teatro de guerra. Com uma presença ostensiva, a tropa de choque usou 5 mil homens e bombas de gás para tentar controlar os manifestantes. Alguns responderam com coquetéis molotov. Segundo balanço do Ministério do Interior, 120 pessoas foram presas.

Os últimos confrontos em Atenas aconteceram na greve geral de fevereiro. Nesse intervalo, o atual primeiro-ministro Antonis Samaras venceu as eleições e assumiu o comando do país. O que não mudou foi a situação econômica da Grécia, que já ameaça a estabilidade do novo premiê. Samaras está pressionado pela opinião pública e pela União Europeia, que recusa a renegociação do segundo programa de socorro e a ampliação em dois anos do prazo para reequilíbrio fiscal.

Ontem, em Berlim, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, discutiram o caso da Grécia. Um dos temas em debate foi a liberação de parcelas que somam € 31,5 bilhões em empréstimos a Atenas. Para tanto, a troica exigiu a elaboração do novo programa de austeridade, que chega a € 11,5 bilhões e deve ser confirmado nos próximos dias.

Segundo o jornal The New York Times, as negociações para o pacote de rigor geraram uma discussão entre o diretor-adjunto do Departamento Europeu do FMI, Poul Thomsen, e o ministro de Finanças da Grécia, Yannis Stournaras. Frente à pressão por novos cortes nos investimentos e gastos públicos, por novos aumentos de impostos e mais privatizações, Stournaras teria respondido: "Vocês se dão conta do que estão pedindo? Vocês querem derrubar o meu governo?"

A Grécia está em seu quinto ano de depressão econômica. Em 2012, a recessão deve chegar a 7%, superando os 20% no quinquênio.

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Espanha. Os protestos em Atenas aconteceram na esteira dos realizados em Madri na terça-feira, quando também houve enfrentamentos entre a polícia e os "indignados". Apesar da insatisfação popular quanto à troica na Espanha, o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, deu a entender ontem, em entrevista a The Wall Street Journal, que pode solicitar o socorro europeu caso os juros cobrados pela dívida soberana do país continuem a subir. "Eu posso assegurar a 100% que eu pediria este plano de socorro", disse ele, usando o condicional, "se a taxa de juros da Espanha continuasse muito elevada durante muito tempo".

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