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Greve de fiscais agropecuários prejudica exportações de algodão

Por Camila Moreira
Atualização:

A disputa dos fiscais agropecuários por reajuste salarial com o Ministério da Agricultura, que já dura meses, causa prejuízos na área de grãos e às exportações de algodão, afirmou um representante das associações exportadoras desses produtos. A Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa) decidiu retomar a greve na terça-feira passada após a interromper por duas vezes, e apenas 60 por cento do efetivo está em atuação em frigoríficos, abatedouros, indústrias, e barreiras fiscais e alfandegárias, segundo uma determinação judicial aprovada na semana passada, depois de o ministério ter entrado na Justiça Federal. "No caso do algodão (a greve) está sendo muito mais grave. A falta de funcionários acaba refletindo na liberação dos contêineres", explicou à Reuters Sérgio Teixeira Mendes, diretor-geral da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea). Mendes explicou que a paralisação já obrigou a Anea a reduzir a previsão de exportação de algodão neste ano em 40 mil toneladas. "Nas exportações já tivemos que reduzir os nossos objetivos de 450 mil toneladas, que era passível de cumprir se não houvesse nenhuma intercorrência, para 410 mil toneladas em virtude principalmente da greve", disse ele. A perspectiva para 2008 é de 555 mil toneladas. "E como o algodão é uma atividade em que o Brasil precisa conquistar confiança junto aos importadores, nosso temor é que essa situação possa começar a comprometer a imagem", alertou. Em relação aos grãos, Mendes, que também é diretor-geral da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), explicou que a greve afeta a emissão de documentos, o que influi no recebimento do dinheiro correspondente às exportações. "Quanto aos grãos, vai ter a exportação, mas o problema maior é que enquanto não mandamos certificados há problema no recebimento do dinheiro. Isso influi na parte de divisas e liquidez. Os dois assuntos (algodão e grãos) são graves", disse ele. NEGOCIAÇÕES Mendes afirmou que na próxima quinta-feira terá, juntamente com um representante da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), um encontro com o secretário-executivo do Ministério da Agriculutra, Silas Brasileiro. Enquanto isso, a Anffa continua em negociação com o ministério, que em sua última proposta oferece um reajuste de 7 a 12 por cento, de acordo com Ricardo Nascimento, membro da comissão de negociação dos fiscais. "A gente recebeu proposta nova que está sendo avaliada até segunda-feira", explicou ele. A Anffa quer um reajuste de 15 por cento ao ano até 2010. "Sessenta por cento de pessoal significa que tem uma defasagem de fiscais que traz alguns transtornos. Apenas de 50 a 70 por cento da atividade é mantida", calcula ele. Os fiscais já suspenderam o movimento duas vezes com o objetivo de dar prazo ao governo. No dia 28 de junho eles interromperam a greve após 20 dias de operação padrão, mas retomaram a paralisação no dia 24 de julho. Em 3 de agosto eles deram nova "trégua" ao ministério, mas voltaram na terça-feira passada a paralisar o serviço. Para Péricles Salazar, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná (Sindicarnes-PR), a determinação da Justiça de que 60 por cento dos fiscais tenham que trabalhar aliviou a situação depois dos problemas surgidos nas duas primeiras rodadas de paralisações. "No começo teve retenção dos embarques, não atendimento dos clientes lá fora, problemas de estocagem, contratos que não foram cumpridos. E difícil dimensionar o prejuízo disso, mas agora já diminuiu bastante a intensidade e repercussão dessa greve", afirmou ele.

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