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Gros diz que gatilho automático foi "mal entendido"

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Petrobrás, Francisco Gros, considera que houve um "mal entendido" generalizado quanto à política de preços da gasolina anunciada pela empresa em abril para durar 90 dias. Em entrevista à imprensa, em Houston, onde participa da Offshore Tecnology Conference (OTC), Gros reiterou que não há automaticidade ou "gatilho" para o reajuste dos derivados a cada 15 dias, dependendo dos preços internacionais, como chegou a ser entendido. "Nós nos auto-impusemos um prazo mínimo de 15 dias para fazer os reajustes, quando houvesse razão para isso. O que não significa mudança de preços a cada 15 dias. No sistema anterior a volatilidade poderia ser maior, porque com os preços liberados, os reajustes poderiam ser todos os dias", comentou. Ele observou que a estratégia da empresa não é uma "camisa de força" e pode ser alterada "se a sociedade assim o desejar". "Quem define a política de preços é o acionista majoritário, que no caso da Petrobras é o governo. "Se o governo quiser, pode até recriar o Conselho Interministerial de Preços (CIP) fixando os preços das mercadorias e todas as empresas têm de seguir, não só a Petrobrás. Eu, particularmente, não acho que seja a política mais saudável", complementou. Ele está programando manter contatos com a imprensa para detalhar a questão nas próximas semanas. Gros observou que, por decisão da sociedade, a Petrobrás é hoje um outro tipo de empresa e isso tem de ser considerado. Com a quebra do monopólio em 1997 a empresa está deixando de ser um "departamento" do governo para se tornar empresa competitiva. Isso significa que a empresa não depende mais dos recursos do Tesouro Nacional, mas dos próprios resultados e de financiamentos por parte do setor financeiro internacional. "Nós achamos que a empresa não deve ficar disputando recursos que o Tesouro destina à Saúde ou à Educação. A empresa pode e deve financiar os seus investimentos e isso significa que ela tem de ter liberdade para fixação de suas políticas comerciais, investimentos e financiamentos", enfatizou. Ele lembrou ainda que, embora o governo tenha controle absoluto da empresa, cerca de dois terços do capital da estatal estão hoje em poder de acionistas minoritários (considerando as ações ordinárias e preferenciais). Na visão do presidente da maior empresa do país, não há porque se temer qualquer "abuso" por parte da estatal. Na sua opinião, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) tem todas as condições de acompanhar o mercado e coibir eventuais abusos. Gros defende uma ANP forte e uma legislação clara e transparente, que seriam os principais vetores para atrair investimentos para o setor de petróleo no Brasil.

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