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Gros não crê em explosão do preço do petróleo

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Petrobras, Francisco Gros, acha que uma eventual guerra no Iraque não deverá provocar uma escalada nos preços do petróleo, até porque, segundo ele, esse aumento já está embutido no preço atual do produto. "Eu acho que essa questão do Iraque é gravíssima, mas no ponto de vista da indústria de petróleo, eu acho que já está (incluído) no preço. E o preço do petróleo tem subido bastante, em função das ameaças ao Iraque", explicou Gros, em entrevista ao Espaço Aberto, da Globonews. "Em segundo lugar, essa indústria é muito afetada pelo equilíbrio entre oferta e demanda. E o que a gente tem verificado é que a demanda não tem crescido." Investimentos Ao ser questionado sobre as novas regras de acompanhamento de indicadores e preços da Petrobras, que estariam previstas no novo acordo com o FMI, Gros garantiu que não teria essa informação. O Fundo passaria a acompanhar, trimestralmente, indicadores comerciais e financeiros da empresa, preços internos médios, taxa média de retorno, rendimento por ação, subsídios e transferências do Tesouro. Gros admitiu, no entanto, ter conversado com a equipe do FMI, há alguns meses, para pedir a exclusão dos investimentos da empresa dos gastos do Tesouro. "A conversa foi no sentido de mostrar para o FMI de que a Petrobras é uma empresa independente e que se financia no mercado", frisou Gros. "Até onde eu sei, a Petrobras, a partir do ano que vem, terá a liberdade de conduzir os seus orçamentos independentemente da discussão de superávit primário do governo federal." Controle O presidente da Petrobras preferiu não comentar a interferência do governo no estabelecimento dos preços do gás. Ele disse "estar feliz" pelo fato de o governo ter assumido esse controle como uma política pública, separando da atuação empresarial da Petrobras. "Uma definição de controle de preços é uma definição de política pública que precisa ser decidida e implementada pelo governo", afirmou. "E uma vez implementada, a Petrobras como órgão regulado tem simplesmente que acatar essa decisão do governo", justificou. "Aí você tem que perguntar para a ANP sobre a política, porque a mim não me cabe comentar." Sobre a hipótese de o novo presidente da República aumentar o nível de intervenção governamental na Petrobras, particularmente no controle de preços, Gros foi enfático: "A Petrobras funcionou durante 46 anos sob regime de intervenção do governo e se deu muito bem", lembrou o presidente da empresa. "Se quiserem voltar a esse sistema, eu garanto a você que a Petrobras vai sobreviver e vai prosperar", prosseguiu. "O que não vai prosperar é o sistema de competição e as outras vinte e poucas empresas que vieram para cá. É incompatível um sistema de controle de preços com atração de investimentos num mercado competitivo." Alternativas O presidente da Opep, Rilwanu Lukman, defendeu a queda nos preços internacionais do petróleo para não prejudicar a economia mundial e, principalmente, para impedir que fontes alternativas de energia se viabilizem. "Os preços altos colocam em risco a saúde financeira internacional e tornam outras fontes de energia mais competitivas, o que é contraproducente", analisou sob o ponto de vista dos países produtores. Em entrevista exclusiva ao Jornal das Dez, da Globonews, Lukman também falou sobre os efeitos de uma possível guerra no Iraque. Segundo ele, dependendo do alcance da contenda, haveria a possibilidade de o mercado ficar sem dois milhões de barris do Iraque durante algum tempo, até que esse óleo fosse substituído por outras fontes. Fonte de energia Na avaliação de Lukman, o petróleo continuará por muito tempo como a forma mais importante de energia. Ele disse que, apesar de o consumo não ter atingido o valor estimado pela Opep, principalmente por causa da crise norte-americana, a perspectiva para os próximos anos é de elevação do consumo. Além de uma provável recuperação americana, há um grande potencial de crescimento nos países em desenvolvimento, como a China e Índia. "É por isso que temos um grande interesse em diminuir a pobreza", afirmou o representante da Opep.

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