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Grupo Afya, de ensino superior de medicina, levanta R$ 1 bi na Nasdaq

Idealizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, quando era sócio do fundo Bozano (hoje Crescera), empresa de educação brasileira deverá acelerar movimento de consolidação do setor

Foto do author Fernanda Guimarães
Por Fernanda Guimarães e Monica Scaramuzzo
Atualização:

O brasileiro Afya, grupo de educação voltado a cursos de medicina, estreou ontem na bolsa americana Nasdaq, levantando cerca de R$ 1 bilhão (US$ 300 milhões) em sua abertura de capital. A companhia, criada quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, fazia parte do fundo Bozano (hoje Crescera), deverá encerrar este ano com pelo menos duas aquisições, apurou o ‘Estado’.

O processo de abertura de capital do Afya foi inspirado na empresa brasileira de educação Arco, que tem suas ações também negociadas na Nasdaq desde o ano passado. A demanda por investidores por papéis da companhia Afya superou em 15 vezes a oferta.

Presidente da Afya, Virgílio Gibbon, participou ontem o pregão de estreia das ações da companhia na Nasdaq Foto: Nasdaq

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Com isso, o preço da ação ficou em US$ 19, acima da faixa indicativa de preço, de US$ 16 a US$ 18. Assim, a captação ficou acima do previsto inicialmente.

“O modelo de negócios da Afya chamou a atenção dos investidores”, afirmou Virgílio Gibbon, presidente da companhia de educação.

O projeto do grupo é ser o parceiro do médico em toda sua carreira, desde sua graduação, passando por cursos preparatórios e especializações futuras, segundo ele. “Nosso relacionamento com o médico pode durar 40 anos.” 

Além disso, a plataforma digital da Afya, utilizada para o processo de aprendizagem e já licenciada para outras entidades de ensino, trouxe o apelo “tecnológico” que salta aos olhos dos investidores da Nasdaq, bolsa que atrai principalmente empresas de tecnologia.

“Tivemos uma demanda alta vinda de todos os tipos de investidores, como os dedicados à tecnologia, saúde e educação”, disse Gibbon. Segundo ele, a demanda ficou entre três e quatro vezes maior na Nasdaq, quando comparada à que teriam na B3.

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A oferta da Afya na Nasdaq foi liderada pelos bancos Bank of America Merrill Lynch, Goldman Sachs, UBS, Itaú BBA, Morgan Stanley, BTG Pactual e XP Investimentos.

Tamanho da Afya. No ano passado, a receita do grupo foi de R$ 334 milhões, 55% maior que a de 2017. O lucro foi de R$ 94,7 milhões, praticamente o dobro do visto no ano anterior. A Afya tem hoje 36 mil alunos, sendo 25 mil na graduação. Está presente em 19 cidades, divididas entre oito Estados.

Já nos próximos meses, a Afya chegará a quatro novos estados no Norte do Brasil, depois de vencer sete editais do Programa Mais Médicos, do governo federal. Em cada unidade, a Afya está autorizada a ofertar 50 vagas por ano para o vestibular de medicina.

A Afya é resultado da união da união NRE Educacional, maior grupo de faculdade de medicina do País, e da Medcel, marca de cursos digitais preparatórios para provas de residência médica. O grupo pertence à família Esteves e ao fundo Crescera (ex-Bozano), que mudou de nome este ano, após a saída do ministro Paulo Guedes. A Medcel, que pertence ao fundo Crescera, também é dono de uma rede de hospitais. Concretizada este ano, a fusão que deu origem à Afya foi idealizada no ano passado por Guedes, segundo fontes a par do assunto.

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A empresa já está em negociações com grupos de ensino superior com foco em medicina para eventuais aquisições, segundo fontes.  Fora das fronteiras. Essa é a primeira abertura de capital de uma empresa brasileira nos Estados Unidos neste ano. No ano passado, foram três processos de ofertas de ações naquele país. Além da Arco, escolheram os Estados Unidos as empresas Stone e PagSeguro. 

A B3 já levantou o sinal de alerta para a escolha de algumas companhias por Nova York. Apesar de apontar que os casos são pontuais, a bolsa brasileira está debruçada no assunto para tentar desatar os nós que são apontados como entraves para a listagem de ações do setor de tecnologia no País.

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