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Grupo Big, Havan, Kalunga... Veja empresas que estão na fila do IPO no próximo ano

'Estadão' mostra perfil de dez companhias que se preparam para estrear no mercado de ações no ano que vem

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Por Fernanda Guimarães
Atualização:

A Bolsa brasileira tem sido espaço para captações de empresas de diversos tamanhos e setores, uma das novidades de um mercado de capitais aquecido, com o apetite dos investidores em buscar ações para compor suas carteiras, em um ambiente de juros baixos. Na fila para abertura de capital há quase 50 companhias já com documentação entregue à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o regulador de capitais do País.

Havan desistiu de IPO em 2020, mas deve retornar no ano que vem Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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O corresponsável pelo banco de investimento do Bank of America, Hans Lin, aponta que, assim como neste ano, a carteira de ofertas para 2021 nos bancos é bastante diversificada, com destaque para os setores de commodities, consumo, varejo, tecnologia e infraestrutura. Na próxima ‘leva’ de empresas que caminha rumo à abertura de capital há gigantes, caso da CSN Mineração, e empresas menores focadas em e-commerce e tecnologia, como a Westwing. A leitura é que a bolsa está mais democrática, algo possível com o juro baixo.

As candidatas para abertura de capital planejam usar os recursos que serão captados para investir no negócio e expandir suas operações. Grande parte delas também quer acelerar os investimentos em tecnologia, ponto que virou mandatório com a pandemia. Outro uso previsto para o dinheiro é redução de dívidas. Abaixo, alguns exemplos das candidatas a IPO em 2021.

Veja, a seguir, perfis de dez empresas que pretendem estrear na B3 em 2021:

CSN Mineração

A abertura de capital da CSN Mineração promete movimentar mais de R$ 8 bilhões, sendo que R$ 7 bilhões devem ir para o caixa da CSN, pela venda de uma fatia minoritária na unidade – dinheiro prometido para ajudar a reduzir o endividamento da siderúrgica.

Essa é uma velha cobrança do mercado, diante da dívida líquida da companhia, que está na casa dos R$ 30 bilhões. A empresa, que teve de janeiro a setembro deste ano um faturamento R$ 8,9 bilhões, terá como presidente Enéas Diniz, que comandava a área dentro da CSN.

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CSN deve abrir capital de braço de mineração Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

BV (antigo Banco Votorantim)

Os sócios Banco do Brasil e família Ermírio de Moraes já bateram o martelo. Havendo condições de mercado, eles levarão o BV, ex-Votorantim, para a Bolsa em 2021, uma oferta que deve movimentar R$ 5 bilhões. 

A operação servirá para trazer caixa à instituição financeira e para a venda de ações do BB e dos Ermírio de Moraes.  O BV está repaginado e tem se debruçado para se posicionar na nova onda digital que tem impulsionado e aumentado a concorrência no setor bancário.

São Salvador Alimentos

Gigante do frango de Goiás, o grupo industrial São Salvador Alimentos (SSA), dono da marca SuperFrango, quer fazer uma oferta de R$ 1,5 bilhão. A empresa abate 350 mil aves por dia e abastece mercados de oito estados brasileiros e Distrito Federal, além de exportar para cerca de 70 países. A receita líquida no ano passado ficou em R$ 1,6 bilhão. 

A empresa quer captar dinheiro para seguir com sua rápida trajetória de expansão. Nesse movimento, tem sido feitas aquisições no sentido de diversificar o portfólio.

Grupo Big

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Ex-Walmart do Brasil, o nome mudou após a operação passar para as mãos do fundo Advent, no processo de reestruturação da empresa. O faturamento do Grupo Big, que também é dono da marca Sams Club, é alto: a receita líquida no acumulado do ano até setembro deste ano chegou a R$ 15,7 bilhões. Os recursos também irrigarão o caixa da empresa. 

Na estratégia da companhia, estão a abertura de novas lojas de atacado e postos de combustível e a conversão de lojas de varejo em de atacado.

Kalunga

Rede de lojas de papelaria com um faturamento anual de cerca de R$ 2 bilhões, a Kalunga é a líder em vendas com 13,1% de participação do mercado nacional no segmento de suprimentos para escritório e material escolar. 

Em 2020, a Kalunga fechou a compra da Spiral, indústria gráfica focada na produção e importação de cadernos e de toda a linha de papelaria para abastecimento exclusivo das lojas Kalunga. Dos recursos que irão para a empresa com o IPO, boa parte deve ir para a abertura de novas lojas. Hoje são 222.

Loja da Kalunga, em SP Foto: Daniel Fernandes/Estadão

Grupo Cortel

Fundado no Rio Grande do Sul em 1963, o Grupo Cortel trabalha com cremação (incluindo a de animais de estimação), funerais e serviços auxiliares e faturou quase R$ 84 milhões no ano passado.

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A empresa será a primeira desse setor a estrear na B3. O IPO deverá girar R$ 400 milhões, segundo uma fonte. A companhia possui dez cemitérios, todos próximos a centros urbanos, cinco crematórios, um crematório de animais, uma casa funerária, mais de 40 salas de velórios, oito capelas cerimoniais e duas capelas históricas. 

Westwing

De olho no interesse do investidor nas empresas com pegada digital, o e-commerce de produtos de decoração e artigos para casa Westwing quer fazer um IPO de cerca de R$ 500 milhões, comenta uma fonte. Com mais pessoas em casa em função da quarentena, que foi mandatória para conter a disseminação da covid-19, a receita líquida foi de quase R$ 170 milhões, com crescimento da ordem de 80% nos nove primeiros meses do ano. 

Na empresa, o engajamento da clientela é palavra de ordem. São oito milhões de usuários cadastrados. Em setembro de 2020 eram mais de 1 milhão de seguidores no perfil do Instagram. A Westwing Brasil foi fundada em 2011, como subsidiária de uma multinacional alemã de mesmo nome.

Tok & Stok

A rede de lojas de móveis e decoração Tok & Stok nasceu de uma pequena loja na Avenida São Gabriel em São Paulo, e possui atualmente 59 lojas em quatro formatos diferentes. O fundo norte-americano Carlyle, que controla hoje a empresa, fez seu investimento em 2012. Ou seja: esse é um ativo bastante antigo na carteira da gestora, que tem atuação forte no Brasil. 

Com um faturamento de R$ 1,2 bilhão no ano passado, atualmente a empresa já tem cerca de 24% de seu faturamento vindo dos canais digitais, número que pode crescer. Um dos objetivos com o dinheiro que entrará no caixa do IPO será investir na sua transformação digital e em tecnologia.

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Havan

Varejista de Santa Catarina, a Havan é do polêmico empresário Luciano Hang, que ficou conhecido nacionalmente pelo seu apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro, desde a época da campanha. 

A empresa suspendeu a operação que estava planejada para ocorrer em 2020, depois de investidores avaliarem a companhia abaixo de R$ 70 bilhões, valor colocado como “mínimo” por Hang para seguir com a operação. A varejista possui 147 lojas físicas, muitas com a “marca” de ter na fachada uma réplica da Estátua da Liberdade. Em interação com investidores, Hang sempre estava trajado com seu uniforme verde e amarelo. Por trás da oferta está um plano agressivo de expansão. 

Mobly

Loja online de móveis fundada em 2011, a companhia Mobly possui cerca de 925 mil usuários ativos. E vem crescendo na pandemia. No mundo físico possui duas megastores. Contando com elas, possui, no total, 11 lojas físicas. Nos nove primeiros meses do ano, a receita líquida da empresa cresceu 50% e atingiu R$ 420,8 milhões. As pessoas em casa, muitas de home office, buscaram pequenas mudanças em suas casas. A empresa tenta evidenciar seu perfil “tech”. 

Em sua operação, a Mobly utiliza, por exemplo, inteligência artificial que considera o comportamento do cliente, para mostrar os produtos mais relevantes com base em comportamentos semelhantes de outras pessoas que fizeram compras.