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Grupo de pecuária sustentável firma compromisso público por preservação em busca de 'carimbo verde'

Integrantes da organização se reuniram com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para entregar o termo e cobrar a implementação do Código Florestal

Por Tania Rabello
Atualização:

O Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) firmou um compromisso público em favor da pecuária sustentável que pretende, além de reforçar o potencial preservacionista da atividade no Brasil e se comprometer com isso, estimular e provocar vários entes ligados à cadeia produtiva a unirem esforços nesse sentido - incluindo governos federal e estaduais. A organização tem entre seus associados, além de entidades de produtores, empresas como GPA, Carrefour Brasil, JBS e Marfrig.

Membros do GTPS se reuniram com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na semana passada, quando entregaram o compromisso público e também cobraram do governo o principal passo para que a agropecuária brasileira conquiste de fato um "carimbo verde" e afaste as ferozes críticas de seus detratores: a efetiva implementação do Código Florestal.

Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) firmou um compromisso público em favor da pecuária sustentável Foto: Daniel Teixeira/ Estadão

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Da reunião, além do presidente do GTPS, o pecuarista Caio Penido, e da ministra, participaram o representante da ONG NWF (National Wildlife Federation) no Brasil, Francisco Beduschi, o diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães, e o diretor de Regularização Ambiental do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) - vinculado à Agricultura -, João Adrien.

Penido, Beduschi e Guimarães - representantes de entidades associadas ao GTPS - ressaltaram à ministra que "todos os itens constantes no Compromisso Público dependem da complementação do Código Florestal, questão que vem se arrastando". 

Conforme Caio Penido complementou ao Estadão/Broadcast, "o Código Florestal foi revisado em 2012, mas não está implementado e, com isso, não se consegue separar o joio do trigo, quem é bom e quem é mau produtor, o que gera uma polarização e insegurança jurídica", continuou o presidente do GTPS, acrescentando: "Se o Brasil quiser assumir de fato a posição de fornecedor de alimentos e de serviços ambientais, temos que resolver a questão da regularização ambiental".

Logo em seguida à reunião, a ministra Tereza Cristina falou com exclusividade ao Estadão/Broadcast, declarando que há, sim, por parte da pasta, interesse em tornar a pecuária brasileira "cada vez mais sustentável". 

Sobre a regularização ambiental, ela mencionou uma ferramenta recém-lançada pelo ministério, o AnalisaCar, que vai analisar e validar eletronicamente os mais de 6 milhões de Cadastros Ambientais Rurais (CAR) preenchidos pelos proprietários rurais do País. Os cadastros que forem automaticamente validados pela ferramenta, sem pendências, poderão, enfim, partir para a próxima etapa, de regularização ambiental da propriedade rural, se for o caso. "Estou muito animada com o AnalisaCAR", complementou Tereza Cristina.

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Penido comentou também que outra sugestão levada à ministra diz respeito a reunir esforços de todos os entes ligados de uma forma ou outra à cadeia produtiva de carne bovina, no sentido de compartilhar conhecimentos para tentar superar gargalos de forma célere. "O Ipam, por exemplo, tem vários estudos ligados à sustentabilidade na pecuária e poderia contribuir", citou.

Ele lembrou também da Embrapa, que poderia destinar recursos à pesquisa de reflorestamento de áreas desmatadas com árvores nativas produtivas - que poderiam garantir renda extra aos pequenos produtores, por exemplo. "Se você refloresta com espécies produtivas, gera diversificação e crédito de carbono", diz. Ainda na área de intensificação de carbono, ele citou o do Plano ABC (de agricultura de baixo carbono). "Seria interessante (o Ministério da Agricultura) intensificar a tecnologia (inserida no Plano ABC) para recuperar áreas degradadas e aumentar a oferta de alimentos e melhorando o balanço de carbono."

"Muito boas que foram surgindo durante a conversa e a ministra foi super receptiva ao nosso Compromisso Público e também às sugestões de compartilhamento de conhecimentos", comentou Penido.

O pecuarista e presidente do GTPS lembrou também que uma agropecuária conservacionista é "uma oportunidade" e por isso todos os elos da cadeia devem se unir num discurso único neste sentido. "Se a gente estiver alinhado com uma agenda positiva - produtores, agroindústrias, ONGs e governos -, consegue definitivamente reverter a imagem negativa do País. Só temos a ganhar com a agenda ambiental."

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Penido voltou a ressaltar, porém, que todas essas ideias "são muito bonitas", mas se não houver a implementação do Código Florestal "nada vai dar certo". "E, em Mato Grosso (Estado onde fica a propriedade pecuária de Penido), também podemos ajudar com nosso conhecimento regional, contando com entidades de produtores, por exemplo." Para ele, faz sentido tratar problemas regionais com "conhecimento regional".

Entre os itens constantes no Compromisso Público do GTPS entregue ao Ministério da Agricultura está também a regulamentação da lei que criou o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) ao produtor rural que preserva (Lei 14.119/2021). "A implementação destas leis (incluindo a do Código Florestal) é essencial para que o Brasil seja reconhecido pela conservação que ocorre tanto em áreas públicas quanto privadas", justifica o documento, acrescentando que a demora na regulamentação e implementação dessas leis tem sido prejudicial ao agronegócio brasileiro.

 O Compromisso Público do GTPS pode ser lido na íntegra no seguinte link.

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