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Grupo norueguês pode comprar estaleiro no Rio

A companhia norueguesa Akker-Kaverner está de olho em mais um estaleiro brasileiro - o Caneco, instalado no Caju, zona portuária do Rio, hoje controlado por uma associação de ex-trabalhadores

Por Agencia Estado
Atualização:

A companhia norueguesa Akker-Kaverner está de olho em mais um estaleiro brasileiro. Depois de adquirir 51% das ações do Promar (um dos cinco maiores do Brasil), há um ano, a empresa fornecedora de equipamentos e serviços para a indústria off-shore agora avalia a compra do estaleiro Caneco, instalado no Caju, zona portuária do Rio, hoje controlado por uma associação de ex-trabalhadores da unidade. Atualmente, o estaleiro opera com apenas 180 empregados, que trabalham em reparos de equipamentos. O negócio não é oficial ainda, mas foi o principal tema de conversas em jantar oferecido ontem ao presidente internacional do grupo, Inge Rokke, que esteve até hoje no Rio a convite do Promar. O assunto também foi abordado em reunião entre o presidente do grupo e a governadora eleita Rosinha Matheus. "Ainda não existem negociações formais, mas o executivo visitou o estaleiro Caneco e disse que existe grande interesse do grupo em fazer novos investimentos no Brasil", disse Wagner Victer, ex-secretário de Energia do governo Garotinho - e nome quase certo para retomar o cargo no governo de Rosinha. Segundo ele, além da possível compra de um estaleiro, o executivo teria informado no encontro com Rosinha sua disposição em instalar uma unidade fabricante de umbilicais (equipamentos tubulares que ligam a plataforma aos poços de exploração de petróleo. Hoje, o Brasil possui apenas uma empresa (a norte-americana Marine) operando nesta área. A unidade, que teria investimentos em torno de US$ 30 milhões, poderia gerar em torno de 400 empregos. Outra possibilidade, disse Victer, é de a empresa instalar uma unidade de produção de projetos para plataformas de petróleo no Brasil. A Aker-Kvaerner é a responsável pelo projeto de construção das platafomas P-51 e P-52, que estão sendo licitadas pela Petrobras. A empresa também é uma das 12 convidadas pela estatal para participar da concorrência para a construção da plataforma. Fontes do setor de energia no Rio a consideram uma das favoritas para ganhar a licitação, já que conhece a fundo o projeto e teria condições de baratear seus custos. O Secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo no Rio, Luiz Clóvis de Limaverde, acredita que o interesse da multinacional em adquirir estaleiros no País está atrelado à possibilidade de, no caso de ganhar a concorrência, realizar aqui parte das obras, por conta da tributação de 18% prevista para plataformas construídas fora do Brasil. A possibilidade de compra do estaleiro Caneco consolida uma tendência no setor naval brasileiro. Dos 16 estaleiros que retomaram suas atividades nos últimos dois anos, depois de uma década praticamente parados, os cinco maiores já possuem participação estrangeira. É o caso do Verolme, dirigido pelo grupo Brasfels (uma associação entre a construtora paulista Pem-Setal e a Keppel Fels, de Cingapura), o Mauá e o Eisa, dirigidos pelo Jurong, e o Promar, pelo grupo Akker-Kvaener. Entre estes grandes, apenas o Sermetal, da Ilha do Caju, possui capital 100% nacional. Outros estaleiros de maior porte também possuem participação estrangeira no negócio. "O capital estrangeiro viabilizou a retomada do setor", diz o diretor do Sindciato da Indústria Naval, Sérgio Leal. A multinacional Aker-Kvaerner é o resultado da fusão ocorrida em abril entre duas gigantes do setor, ambas norueguesas, Aker Maritime e Kvaerner Oil & Gas. Unificado, o faturamento das empresas teria sido de US$ 2,4 bilhões em 2001, o que a coloca na segunda posição entre as maiores do mundo no setor de equipamentos e serviços para a indústria off-shore, encostada na Halliburton Corporation, que no ano passado registrou faturamento de US$ 2,45 bilhões. Com a fusão, a companhia reúne 18 mil funcionários e atua em 17 países.

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