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Guedes bloqueia ideia dos Weintraub em Previdência

Aposentadorias pelo INSS teriam teto bem menor que o atual, mas trabalhadores poderiam receber antecipações

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Por Renata Agostini
Atualização:

Uma vez na equipe de Jair Bolsonaro, os irmãos Abraham e Arthur Weintraub decidiram se dedicar à campanha - e gastar com ela. Segundo eles, desde julho de 2017 não mais aceitam trabalhos pelo Centro de Estudos em Seguridade para evitar acusações de conflito de interesse. As despesas para acompanhar Bolsonaro - caso do tour pela Ásia - ou para encontrar colaboradores do candidato são pagas por eles, dizem. O dinheiro para cobrir os gastos vem de reservas acumuladas ao longo da vida, afirmam. 

Os encontros mais frequentes ocorrem no Rio de Janeiro, onde se reúnem com o economista Paulo Guedes e outros membros da equipe econômica. Tema que os levou à campanha, a Previdência era tida como terreno de influência dos irmãos. Eduardo Bolsonaro foi um dos integrantes do núcleo duro do presidenciável a sinalizar que a proposta estava a cargo dos dois. 

Paulo Guedes é contra proposta dos irmãos Weintraub Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

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O plano dos Weintraub para a reforma da Previdência foi exposto em artigos, um deles assinado em conjunto com Onyx Lorenzoni e o professor italiano Giuseppe Ludovico. São duas frentes: a aposentadoria fásica, que seria a reforma do sistema atual, e a poupança individual de aposentadoria, a PIÁ.

Em linhas gerais, as aposentadorias pelo INSS teriam teto bem menor que o atual, mas os trabalhadores poderiam receber antecipações - 25% do salário mínimo a partir de 55 anos com 20 anos de contribuição, subindo o porcentual gradualmente. Quem quisesse ganhar mais teria de recorrer ao PIÁ, que seriam contas individuais para aporte livre pelo trabalhador, administradas por instituições financeiras do mercado, e com isenção tributária. 

Na semana passada, porém, Guedes disse que não era para levar nada disso em consideração. Ao jornal "Gazeta do Povo", que havia publicado texto sobre ideias dos Weintraub, disse que o plano dos professores fora recusado pela coordenação da campanha. Abraham e Arthur não haviam sido avisados. Souberam quando a reportagem do Estado os procurou. 

Guedes confirmou à reportagem o veto, mas se recusou a explicar a razão da negativa e de não ter contado antes aos Weintraub. "Se ele falou, é isso. A palavra final em economia é dele", disse Abraham, que jura não haver mal-estar. 

A modelagem da proposta de Bolsonaro para enfrentar o déficit na Previdência segue uma incógnita. Talvez só se saiba após as eleições e a depender delas, afirmou Lorenzoni. "A gente não tem o martelo batido. Jair só vai ter condição de apresentar essa proposta se for presidente. Nem conhecemos os números. Sabemos os números do governo. Mas são os verdadeiros?", disse.

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Com ou sem proposta, os Weintraub estão dentro do grupo. "Seguimos ajudando com contribuições técnicas ou acadêmicas, sem problema", diz Abraham. Esta semana ele estará de novo no Rio a postos, garante.

Correções

Uma vez na equipe de Bolsonaro, os irmãos Weintraub decidiram se dedicar à campanha - e gastar com ela. Segundo Abraham e Arthur, desde julho de 2017 não mais aceitam trabalhos pelo Centro de Estudos em Seguridade para evitar acusações de conflito de interesse. As despesas para acompanhar Bolsonaro - caso do tour pela Ásia - ou para encontrar colaboradores do candidato são pagas por eles, dizem. O dinheiro para cobrir os gastos vem de reservas acumuladas ao longo da vida, afirmam.  Os encontros mais frequentes ocorrem no Rio de Janeiro, onde se reúnem com Paulo Guedes e outros membros da equipe econômica. Tema que os levou à campanha, a previdência era tida como terreno de influência dos irmãos. Eduardo Bolsonaro foi um dos integrantes do núcleo duro do presidenciável a sinalizar que a proposta estava a cargo dos dois.  O plano dos Weintraub para a reforma da previdência foi exposto em artigos, um deles assinado em conjunto com Onyx Lorenzoni e o professor italiano Giuseppe Ludovico. São duas frentes: a aposentadoria fásica, que seria a reforma do sistema atual, e a poupança individual de aposentadoria, a PIÁ. Em linhas gerais, as aposentadorias pelo INSS teriam teto bem menor que o atual, mas os trabalhadores poderiam receber antecipações - 25% do salário mínimo a partir de 55 anos com 20 anos de contribuição, subindo o porcentual gradualmente. Quem quisesse ganhar mais teria de recorrer ao PIÁ, que seriam contas individuais para aporte livre pelo trabalhador, administradas por instituições financeiras do mercado, e com isenção tributária.  Na semana passada, porém, Paulo Guedes disse que não era para levar nada disso em consideração. Ao jornal "Gazeta do Povo", que havia publicado texto sobre ideias dos Weintraub, disse que o plano dos professores fora recusado pela coordenação da campanha. Abraham e Arthur não haviam sido avisados. Souberam quando a reportagem do Estado os procurou.  Guedes confirmou à reportagem o veto, mas se recusou a explicar a razão da negativa e de não ter contado antes aos Weintraub. "Se ele falou, é isso. A palavra final em economia é dele", disse Abraham, que jura não haver mal-estar.  A modelagem da proposta de Jair Bolsonaro para enfrentar o deficit na Previdência segue uma incógnita. Talvez só se saiba após as eleições e a depender delas, afirmou Lorenzoni. "A gente não tem o martelo batido. Jair só vai ter condição de apresentar essa proposta se for presidente. Nem conhecemos os números. Sabemos os números do governo. Mas são os verdadeiros?", disse. Com ou sem proposta, os Weintraub estão dentro do grupo. "Seguimos ajudando com contribuições técnicas ou acadêmicas, sem problema", diz Abraham. Esta semana, ele estará de novo no Rio a postos, garante. 

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